Resumo

A atividade de técnico desportivo como profissão emergente tem levado países a
criar dispositivos que disciplinam o ingresso dos sujeitos no mercado de trabalho.
No Brasil, apesar das leis e regulamentos que estabelecem quais indivíduos podem
exercer a função de técnico, na prática, particularmente no futebol, o que se observa
é o descumprimento do que está regulamentado. O objetivo do presente estudo é
comparar as normas para a formação e certificação do técnico de futebol no Brasil
com a de outros países. Foram selecionados dois blocos de países de acordo com
características linguísticas e culturais: 1) bloco anglo-saxônico que incluiu os Estados
Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália; 2) bloco latino, representado por Portugal,
Espanha, França, Argentina e Brasil. Os critérios adotados para a escolha foram: a
representatividade no futebol mundial e as preocupações em relação à formação
dos técnicos. O corpus do estudo foi formado pelos documentos orientadores e
regulamentos específicos para a formação e certificação de treinadores das federações
de futebol dos respectivos países. Para a análise de dados foi utilizada a Análise de
Conteúdo, com base no quadro de categorias pré-especificadas: Quem forma?;
Quem certifica?; Qual a idade mínima exigida?; Qual a escolaridade exigida?; Quais
os conteúdos da formação?; Qual o tempo da formação?; Existem níveis para a
intervenção? Os vários resultados obtidos no presente estudo permite-nos apresentar
as seguintes conclusões: 1) a tendência é a formação dos técnicos ser controlada
pelo governo, cabendo às federações atuarem como principais agentes executoras.
No caso brasileiro, a lei determina a formação no nível superior. Na prática, isto não
ocorre plenamente. Como regra geral, não existe sintonia entre governo e federações;
2) nos países analisados, a responsabilidade da certificação fica ao encargo das
federações, seguindo as normas governamentais. No Brasil, apesar da obrigatoriedade
da certificação ser obtida no ensino superior, muitos indivíduos exercem a função
sem nenhum tipo de formação; 3) escolaridade ainda é um ponto em discussão.
Porém, a tendência é de que ela seja em níveis cada vez mais altos, visualizando o
nível universitário como um ideal a ser alcançado. O Brasil, sob o ponto de vista
legislativo já tornou obrigatória a formação de nível superior, mas vai necessitar de
tempo para por em prática o que está na lei, principalmente quando diz respeito ao
futebol.

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