Integra

introdução:

a relação entre o tempo de experiência docente e o modo como se comportam os professores têm sido objeto de várias pesquisas, especialmente por considerar que a vivencia docente é um processo e não uma série de acontecimentos. huberman (1995) é uma referencia importante nesta área, pois a partir dela vários autores elaboraram suas propostas de comparação entre tempo de experiência docente e características desta atuação. as terminologias empregadas para definir períodos de tempo variam de autor para autor e esta variedade de divisões e terminologias enriquecem as discussões. neste trabalho as fases adotadas para a comparação serão as de nascimento e graça (1998), pois estão baseadas no estudo clássico de huberman (1995), considerando a última etapa do processo de desenvolvimento profissional em torno dos 30 anos, o que se aproxima da realidade brasileira, e realizam a comparação entre o tempo de experiência e as características da docência com professores de educação física. desconhecendo as características quanto a prática dos professores/profissionais que trabalham com atividades aquáticas em escolas, academias, clubes e hotéis de campo grande - ms, este estudo teve como objetivo comparar o tempo de experiência docente destes professores/profissionais com os conhecimentos e competências que eles julgavam fundamentais para a prática docente com atividades aquáticas - natação e hidroginástica, baseando-se nas características de atuação docente de nascimento e graça (1998)

METODOLOGIA:

Este estudo fez parte de um projeto maior como parte dos requisitos assumidos na disciplina de "Natação I", cujos dados foram coletados por alunos do 3o ano de Educação Física (turma matutina de 2003) da UFMS. Os instrumentos empregados para coleta de dados foram: questionário contendo questões (abertas e fechadas), entrevista semi-dirigida e roteiro de observação. A pesquisa foi de caráter descritiva-exploratória, pois conforme Thomas e Nelson (2002), esta tipo de pesquisa busca expor fatos ou dados estatísticos à realidade, e pode através destas informações solucionar problemas e melhorar práticas. A pesquisa foi realizada em 39 locais que ofereciam atividades aquáticas na cidade de Campo Grande - MS. Dos 39 estabelecimentos pesquisados em 36 deles os professores/profissionais de Educação Física, que atuavam com diferentes tipos de atividades aquáticas (natação e hidroginástica), responderam as questões envolvendo os conhecimentos e as competências essenciais para a prática docente e o tempo de formação prática docente.

RESULTADOS:

Após a análise dos dados verificou-se que 11% dos 36 professores/profissionais possuíam de 21 a 25 anos de atuação profissional e esses consideraram como conhecimentos fundamentais: anatomia, primeiros socorros, didática e noções dos princípios físicos envolvidos no meio líquido; fisiologia e um, em particular, disse ser importante saber as técnicas da natação. Outros 16,5% que tinham de 15 a 20 anos deram respostas mais abrangentes, tais como: conhecimentos e técnicas em atividades aquáticas, primeiros socorros, psicologia, anatomia, fisiologia, física e química e, acrescentaram aspectos pessoais como o gostar do que faz, ser alegre, paciente, otimista, tolerante e persistente. As respostas de 28% dos graduados em Educação Física, cujo tempo de atuação docente variava entre três e oito anos, e dos 44,5%, que possuíam entre zero e dois anos, podem ser consideradas equivalentes, uma vez que, as respostas foram semelhantes. Para estes professores (com zero a oito anos de experiência), os conhecimentos julgados importantes para a prática docente com atividades aquáticas foram: anatomia, biomecânica, psicologia e fisiologia humana. Ao que tange as competências, estes professores/profissionais apontaram a organização de planos de aula, criatividade, paciência e competência pedagógica em demonstrar os movimentos.

CONCLUSÕES:

Segundo Nascimento e Graça (1998), 44,5% dos pesquisados encaixavam-se na fase de entrada ou sobrevivência, pois tinham até 2 anos de experiência. Os professores desta fase apresentaram respostas curtas e "soltas", denotando falta de maturidade profissional.

Os 28% que estavam na fase de consolidação, tinham entre três e oito anos de experiência deram respostas vagas e evasivas; apesar dos professores nesta fase apresentarem como características a consolidação do repertório pedagógico e o ajustamento-aumento do conhecimento curricular. Os professores (16,5%) com 15 a 20 anos de profissão encontravam-se na fase de diversificação ou renovação; fase esta em que as atividades se tornaram corriqueiras e monótonas, podendo eles se "acomodarem" ou buscarem experiências novas. Os pesquisados desta fase foram os que ofereceram respostas mais elaboradas, pois demonstraram estar preocupados também com o lado psicológico do aluno. Os 11% que possuíam entre 21 e 25 anos de prática docente estavam na fase de maturidade ou estabilização, fase esta em que há questionamentos sobre si próprio. As respostas dos pesquisados desta fase somente correspondiam aos sugeridos pelos pesquisadores. Diante do exposto, sugere-se o investimento na relação teoria e prática durante a graduação em Educação Física, como a melhora da formação dos alunos na utilização dos instrumentos de coleta, visto que a falta de preparo deles pode ter induzido as respostas.