Integra

introdução:

os estudos biomecânicos do salto horizontal têm dado ênfase a população adulta e visando a performance, sendo poucos os estudos que analisam a criança na execução deste movimento, havendo poucas pesquisas que quantifiquem as forças de reação de solo no salto horizontal de crianças. sendo assim se fez necessária a realização desta pesquisa que tem por objetivo geral analisar a dinâmica do salto horizontal de crianças entre seis e nove anos de idade, e especificamente; a) caracterizar os valores das variáveis dinâmicas: pico de força no eixo vertical (pymax); pico de força no eixo antero-posterior (pxmax); menor valor na fase de flexão (pfy); ângulo de inclinação da reta no eixo vertical (txiy); eixo antero-posterior (txix); e na flexão no eixo vertical (txfy) e espaço temporal (tcp) e b) comparar os valores destas variáveis entre meninos e meninas. este movimento é muito utilizado em jogos de corrida com paradas bruscas e naqueles que exigem equilíbrio, e pode ser a habilidade básica mais importante em algumas habilidades desportivas ou como habilidade secundária em outras.

metodologia:

participaram do estudo, descritivo exploratório, 38 crianças, 12 meninos e 26 meninas, selecionadas de forma casual sistemática, com idade entre seis e nove anos. utilizou-se como instrumento de medida uma plataforma de força, do tipo extensiométrica, desenvolvida por roesler (1997), com dimensões de 500x500mm, com sensibilidade de 2n, erro menor que 1%, acoplamento entre solicitações menor que 3% e freqüência natural de 60hz, acoplada a uma placa de aquisição cio-exp-bridge, com 16 canais cujos sinais foram condicionados a um conversor a/d. preliminarmente, os sujeitos foram pesados sobre plataforma de força para posterior normalização dos dados pelo peso corporal (pc) de cada sujeito. em seguida executaram três saltos consecutivos, orientados a saltar a maior distância possível, tomando impulso sobre a plataforma de força, devidamente nivelada com o piso de queda. utilizou-se uma freqüência de amostragem de 1000 hz. os dados foram filtrados via fft butterworth com freqüência de 30 hz, utilizando-se o sistema sad32. os dados foram analisados mediante estatística descritiva e teste "u" de mann-whitney para comparar as variáveis dinâmicas e espaço temporais entre sexos. o nível de significância de 95%.

resultados:

na caracterização dos resultados para o grupo dos meninos, os valores médios de pico de força no eixo vertical (fy max) 2,03 + 0,14 pc, no eixo antero-posterior (fx max) 0,63 + 0,24 pc, e o pico de flexão vertical (pfy) 0,56 + 0,18 pc. as taxas: impulso no eixo vertical (txiy) 3,67 + 1,37 n/(n.s), impulso no eixo antero-posterior (txix) 1,21 + 1,04 n/(n.s), flexão no eixo vertical (txfy) 1,98 + 0,92 n/(n.s) e na variável espaço temporal tempo de contato com a plataforma (tcp) 0,77 + 0,13 s. no grupo das meninas: fy max 2,31 + 0,31 pc, fxmax 0,59 + 0,26 pc e pfy 0,44 + 0,19. nas taxas: txiy 6,31 + 3,98 n/(n.s), txix 1,14 + 0,42 n/(n.s), txfy 2,87 + 1,41 n/(n.s) e tcp 0,69 + 0,11s. b) na comparação entre sexos, verificou-se que houve diferenças significativas nas variáveis py max; txiy e tcp, sendo maiores para as meninas e pfy sendo maiores para os meninos.

conclusões:

os meninos apresentam menor redução na carga, agachamento mais lento que as meninas, e maior aplicação de força no eixo antero-posterior, com maior rapidez, e maior tempo de contato com a plataforma. as meninas aplicam maiores forças no eixo vertical, flexionam mais rápido, conseqüentemente elas conseguem maior redução na carga, e impulsionam mais rápido que os meninos, talvez por terem as fases de flexão e impulsão mais rápidas o salto tenha uma duração menor. a redução da carga é explicada pela posição do centro de gravidade que atinge uma posição mais baixa, reduzindo as cargas aplicadas no momento da flexão. a maior aplicação de força no eixo antero-posterior e uma menor força no eixo vertical, resultam em uma melhor performance no salto dos meninos em comparação às meninas.