Resumo
O desenvolvimento motor é proporcionado pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente. Alguns fatores do ambiente influenciam o desenvolvimento motor e consequentemente o desempenho da criança. Uma boa aptidão física é aspecto fundamental no comportamento motor das crianças. O objetivo desse trabalho foi comparar a aptidão física voltada para o desempenho de crianças de cinco a dez anos de idade de duas escolas de diferentes níveis socioeconômicos do Distrito Federal. Participaram do estudo 466 crianças (254 do NSE médio/alto e 212 do NSE baixo) provenientes de duas escolas, uma privada situada na Região Administrativa (RA) de Brasília e a outra pública na RA do Varjão. Para medir a aptidão motora foram utilizados três testes: corrida de 20m para avaliar a velocidade, o de impulsão horizontal para avaliar a força explosiva de membros inferiores ambos recomendados pelo protocolo do PROESP-BR e o de saltos laterais da bateria KTK (Kiphard e Schilling, 1974) para avaliar a coordenação motora global. Para fins de análise, as crianças foram pareadas, em relação às idades: 5 (n=90), 6 (n=82), 7 (n=66), 8 (n=87), 9 (n=83) e 10 anos (n=58). Utilizou-se a análise descritiva (média, desvio padrão) e o teste de análise multivariada (MANOVA) para verificar diferenças entre as médias dos grupos socioeconômicos para cada idade. Os resultados mostraram que o desempenho motor melhora com o avançar da idade. Na comparação entre os níveis socioeconômicos, crianças do nível socioeconômico baixo obteve resultados superiores com diferenças significativas na variável velocidade na idade de 6 anos e na de força explosiva, na idade de 7 anos. O grupo do nível socioeconômico médio/alto apresentou resultados melhores na variável velocidade nas idades de 8, 9 e 10 anos. Ao analisar a questão do gênero, em geral, os meninos alcançaram resultados melhores em todos os testes motores. Conclui-se que há uma variabilidade nos dados relacionados ao desempenho motor das crianças de diferentes níveis socioeconômicos e não foi possível identificar com clareza a influência da variável socioeconômica nos resultados. Sugerem-se mais estudos com controle maior das variáveis de hábitos de vida.