Resumo

O objetivo do presente estudo foi comparar os efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) versus o treinamento contínuo de intensidade moderada (MICT) após oito semanas de treinamento e quatro semanas de destreino sobre a saúde cardiometabólica de indivíduos de meia idade, não treinados e com sobrepeso/obesidade. Vinte e sete homens foram alocados de forma pareada e aleatória em dois grupos conforme sua idade, índice de massa corporal e consumo máximo de oxigênio, respectivamente: HIIT (38 ± 6 anos; 27,04 ± 1,30 kg/m2 ; 46,16 ± 3,10 mLO2.kg-1 .min-1 ) e MICT (39 ± 5 anos; 28,77 ± 3,10 kg/m2 ; 45,01 ± 4,12 mLO2.kg-1 .min-1 ). Medidas diretas de consumo de oxigênio, antropometria, composição corporal por densitometria, monitorização ambulatorial da pressão arterial, perfil lipídico, metabolismo da glicose e variabilidade da frequência cardíaca foram feitas nos momentos prétreino, pós-treino e pós-destreino. HIIT e MICT aumentaram de forma significativa a capacidade aeróbia máxima dos sujeitos (15,84 e 9,04%, respectivamente), porém os efeitos negativos do destreino foram similares entre os dois grupos (4,04 e 3,99%). Ambos os grupos obtiveram efeitos positivos com o treinamento sobre a antropometria e a composição corporal, sendo que houve uma melhora significativa dos valores de IMC, da gordura corporal e do volume de gordura visceral do grupo HIIT. No grupo MICT esta melhora foi detectada somente na redução do IMC e da gordura visceral. Após o treinamento, apenas no grupo HIIT foram encontradas reduções significativas na glicose sanguínea de jejum, colesterol total e na pressão arterial sistólica (PAS) de vigília. Nas demais variáveis não foram detectadas interações (tempo x tratamentos) significativas. Em conjunto, os dados permitem afirmar que um programa de exercícios de corrida HIIT e MICT produzem efeitos positivos sobre os fatores de risco para doenças cardiometabólicas. Além disso, a maioria dos benefícios consequentes do protocolo HIIT não foram revertidos após o período de destreino. Concluímos que, mesmo treinando em menor volume e duração, o protocolo HIIT fora do ambiente laboratorial mostrou-se tempoeficiente, pois altera positivamente um maior número os indicadores de risco para doenças cardiometabólicas. Além disso, tais adaptações positivas ao HIIT se mostraram duradouras após um período de quatro semanas de destreinamento.

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