Resumo

Desigualdade estrutural de membros inferiores (DEMI) pode ser a causa primária do surgimento de lesões em corredores (BRUNET et al., 1990; SUBOTNICK, 1981). Alguns autores também associam a quilometragem percorrida por semana ao surgimento de lesões (BRUNET et al., 1990; MANN et al., 1981). O objetivo deste estudo foi observar possíveis alterações na força reação do solo (FRS) devido a presença de desigualdade estrutural de membros inferiores (DEMI) em corredores de média e longa distância, e associar esses achados à presença de alterações ortopédicas. Foi avaliado o nível de atividade física, a incidência de fratura por estresse, dor na lombar, quadril e joelho, e o número de queixas em 25 corredores. Estes foram submetidos à escanometria para verificar a presença de DEMI, e a análise biomecânica da marcha foi realizada. Eles foram divididos em 3 grupos em função da desigualdade e volume de treino: Grupo Controle (GC)-10 corredores (DEMI0,5%; 0,5%; =20km/sem) (30±5a). A desigualdade média apresentada por GDM e GDL foi estatisticamente semelhante. A FRS vertical foi avaliada durante o andar em cadência auto-selecionada por 5 tentativas com cada membro com freqüência de amostragem de 1000 Hz. Estudou-se: Primeiro Pico FRS (Fz1); Segundo Pico FRS (Fz2); e o Índice de Simetria (IS) de Fz1 e Fz2. A comparação intergrupos foi feita pelo teste Kruskal Wallis, inter membros, pelo teste Wilcoxon, e para comparar a incidência de alterações ortopédicas entre os grupos, o QuiQuadrado. Os grupos apresentaram a marcha simétrica pelo IS (valores próximos de zero) (WHITE & LIFESO, 2005) e não foram encontradas diferenças significativas em nenhuma variável analisada, tanto intra como inter grupos. Ao se observar a freqüência com que as alterações ortopédicas ocorreram nos corredores com e sem DEMI também não foram observadas diferenças significativas. Ao se considerar o volume de treino, conclui-se que o GDL apresentou maior incidência de fratura por estresse (28,6%; p=0,0472) (BRUNET et al., 1990; SUBOTNICK, 1981; MANN et al., 1981) em comparação à GC (0%). Esses resultados indicam que apesar da marcha simétrica, a desigualdade estrutural associada a um volume elevado de treinamento pode ocasionar o surgimento de alterações no aparelho locomotor.

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