Resumo

Embora a alguns estudos tenham sugerido que a exposição a poluição relacionada ao tráfego de veículos durante uma atividade física possa suprimir as melhorias na saúde induzidas por sua prática, os impactos da poluição no desempenho em esportes de longa duração em indivíduos treinados tem sido negligenciado na literatura atual. Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar os efeitos da poluição do ar relacionada ao tráfego nas respostas inflamatórias e fisiológicas, assim como, no desempenho de ciclistas treinados durante um contrarrelógio de ciclismo de 50 km (50km CR). Foram recrutados 10 ciclistas do sexo masculino, classificados como treinados recreativamente. Estes realizaram um 50km CR em duas condições ambientais: I) ambiente com poluição do ar relacionada ao tráfego de veículos; II) ambiente com ar filtrado, sendo estes, realizados em uma ordem contrabalançada. Amostras de sangue foram obtidas nos momentos pré e pós 50km CR para mensuração de marcadores inflamatórios circulantes e análise dos gases sanguíneos. Avaliação da percepção subjetiva de esforço (PSE), frequência cardíaca (FC) e potência (PO) foram medidos ao longo 50km CR. Marcadores pró-inflamatórios (i.e., interleucina-6, IL-6 e Proteína C-reativa PCR) e anti-inflamatórios (i.e., interleucina-10, IL-10) não foram alterados entre as condições experimentais (P > 0,05). No entanto, a poluição induziu maior aumento dos níveis de Brain-derived neurotrophic factor (BDNF) e maior diminuição de ICAM-1 pós-exercício (P < 0,05), quando comparado com o ar filtrado (P > 0,05). A PSE, HR, PO e tempo para completar o 50km CR não foram diferentes entre as condições ambientais (P > 0,05). Esses achados sugerem que os impactos negativos da poluição do ar nos parâmetros inflamatórios, fisiológicos e de desempenho não ocorrem em indivíduos treinados ao realizar um exercício prolongado (i.e., 50km CR) em um ambiente poluído, o qual mimetiza uma condição real de poluição do ar relacionada ao tráfego de veículos.

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