Resumo

A prática esportiva estruturada é essencial para a saúde dos adolescentes, visto que a adolescência é um período que ocorrem diversas mudanças físicas, psicológicas, cognitivas e sociais, onde a sensação de autonomia nas tomadas de decisões, podem levá-los a aderir determinados comportamentos de risco à saúde. OBJETIVO: Verificar a associação de componentes da prática esportiva com os comportamentos de risco à saúde em atletas adolescentes de ambos os sexos. MÉTODO: Estudo transversal realizado com 367 atletas (15,68 ± 0,78 anos) de Curitiba/PR e região metropolitana. As variáveis sociodemográficas e esportivas avaliadas foram: sexo, idade, nível socioeconômico, tipo de esporte, anos de treino e volume de treino semanal. Os comportamentos de risco à saúde avaliados foram: níveis insuficientes de atividade física, comportamento sedentário (elevado tempo de TV e videogame), hábitos alimentares inadequados (baixo consumo de frutas e vegetais), consumo de bebidas alcoólicas (leve e excessivo), consumo de tabaco e drogas ilícitas, comportamento sexual de risco e violento, além do tempo de sono durante a semana e final de semanal, avaliados através de questionários autorreportados. Foram utilizados distribuição de frequência absoluta e relativa para descrever as variáveis sociodemográficas, e foram utilizados medianas e intervalos interquartílicos para descrever as variáveis esportivas, distribuição de frequência absoluta e relativa para a identificação das prevalências, e a regressão de Poisson com variância robusta para analisar a associação de componentes sociodemográficos e da prática esportiva com os comportamentos de risco a saúde, adotando p<0,05. RESULTADOS: Foram classificados como insuficientemente ativos 9,5% da amostra; 10,4 % e 13,1% com elevado tempo de TV e videogame, respectivamente; 66,5% e 68,4% com baixo consumo de frutas e vegetais, respectivamente; 26,7% consumiram pelo menos uma dose de bebida alcoólica, e 15,3% consumiram 5 ou mais doses de bebida alcoólica; 1,6%, e 1,4% consumiram tabaco e drogas ilícitas, respectivamente; 6,3% não usaram preservativo na última relação sexual, e 12,5% apresentaram comportamento violento. O esporte coletivo (RP: 3,11; IC95%: 1,13-8,58) e os anos de prática (RP: 1,14; IC95%: 1,01-1,29) se associaram positivamente ao elevado tempo de TV. Para o elevado tempo de videogame, associações negativas foram vistas para a idade (RP: 0,59; IC95%: 0,39-0,89) e para o volume de treino semanal (RP: 0,92; IC95%: 0,86-0,99), mas não para os anos de prática (RP: 1,12; IC95%: 1,01-1,25). Para o consumo de vegetais, associações negativas foram vistas para o volume de treino semanal (RP: 0,98; IC95%: 0,96-0,99). A idade se associou positivamente com o consumo leve (RP: 1,64; IC95%: 1,32-2,03) e excessivo (RP: 1,82; IC95%: 1,34-2,48) de bebidas alcoólicas, porém associações negativas foram identificadas para o volume de treino semanal, no consumo leve (RP: 0,95; IC95%: 0,92-0,99) e excessivo (RP: 0,94; IC95%: 0,89-0,99). Associações positivas foram vistas para a idade (RP: 9,59; IC95%: 3,36-27,38) e volume de treino semanal (RP: 1,20; IC95%: 1,01-1,45) para o consumo de tabaco, e na idade para o consumo de drogas ilícitas (RP: 18,08; IC95%: 3,38-56,65). O sexo feminino associou-se negativamente ao comportamento sexual de risco (RP: 0,28; IC95%: 0,08-0,94) e violento (RP: 0,23; IC95%: 0,08-0,62). E o maior nível socioeconômico se associou negativamente ao tempo de sono durante a semana (RP: 0,60; IC95%: 0,42-0,86). CONCLUSÃO: Foi possível observar que os componentes sociodemográficos e esportivos podem interagir de diferentes formas com os comportamentos de risco à saúde avaliados, no entanto, características da prática esportiva como o volume de 9 treino semanal, favorece a um menor tempo de videogame, menor consumo de bebida alcoólica e ao aumento do consumo de vegetais em atletas adolescentes. 

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