Resumo
A descrição do comportamento mecânico da coluna vertebral durante uma corrida de longa distância pode auxiliar na periodização das cargas de treino e na prevenção de lesões relacionadas a coluna lombar, tendo como base as consequências do estresse mecânico imposto na coluna durante a corrida. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi descrever o comportamento mecânico da coluna vertebral durante uma corrida de longa distância. Foi quantificada a variação da estatura, o pico de torque dos músculos flexores e extensores do tronco e o nível de ativação neuromuscular dos músculos reto abdominal superior - RAS, reto abdominal inferior - RAI, oblíquo externo - OE, longuíssimo – LON e iliocostal - ILIOC. Participaram desta pesquisa 17 corredores, do sexo masculino com idade de 38,4 anos ± 7,3 anos, índice de massa corporal - IMC de 22,8 ± 2,2, tempo de prática de 10,8 anos ± 6,1 anos. Houve redução da estatura ao longo da corrida, sendo significativa (p < 0,05), nas comparações entre os testes realizados no início vs 14, 21, e 28 km, 7 km vs 21 e 28 km e 14 km vs 28 km. O pico de torque - PT dos músculos flexores do tronco apresentou redução significativa (p < 0,05) nas comparações entre os testes realizados no início vs 7, 14, 21 e 28 km e 7 km vs 21 e 28 km, diferente do PT dos músculos extensores do tronco, onde houve redução significativa (p < 0,05) apenas entre as comparações realizadas entre o início vs 21 e 28 km. Referente ao comportamento eletromiográfico, os músculos RAS e RAI revelaram reduções significativas (p < 0,05) apenas entre o início x 28 km, o músculo OE entre início vs 21 e 28 km e entre 7 km vs 28 km, o músculo LON entre início vs 21 e 28 km, e 7 km vs 21 e 28 km e o músculo ILIOC entre início vs 14, 21 e 28 km e entre 7 km vs 28 km. Conclui-se que ao longo de 28 km de corrida, as variáveis responsáveis pela sustentação de sobrecarga da coluna vertebral foram impactadas de forma significativa, e o presente estudo possibilitou identificar os momentos críticos onde isso ocorreu.