Resumo
A dor lombar crônica acomete a maior parte da população, gerando encargos médicos, sociais, trabalhistas e invalidez prematura. Uma das categorias de profissionais que sofrem com ela são os Policiais Militares motociclistas. Longas jornadas de trabalho na mesma postura, a vibração das motocicletas, sobrecarga de equipamentos e as tarefas físicas e psicológicas relacionadas ao trabalho, contribuem para o acometimento da dor lombar. O objetivo da pesquisa foi investigar a sobrecarga na coluna vertebral, dor lombar, torque dos músculos flexores e extensores do tronco e a recuperação da estatura de policiais motociclistas durante a jornada de trabalho. Foi realizado um estudo transversal, descritivo, exploratório e pré-experimental. A amostra foi formada por 20 policiais militares do Paraná, motociclistas com a idade de 35,15±4,68 anos; tempo de serviço 9,25± 3,45 anos; tempo de serviço na ROCAM de 4,6±1,85 anos; massa corporal 83,51±9,78kg; massa corporal equipado 96,83±9,69kg; estatura 175,5±6,06cm; IMC 27,05±3,26. Para determinar o comportamento da coluna vertebral foram realizadas: a) avaliação da variação da estatura através do estadiometria a cada duas horas durante a jornada de trabalho e, após intervenção de 30‟ na posição de Fowler; b) acompanhamento a cada duas horas de avaliação da intensidade da dor lombar pela escala visual da dor; c) no início e no final da jornada foi mensuração da força dos músculos flexores e extensores do tronco pela célula de carga. Os dados foram submetidos a uma análise descritiva padrão. Para verificar a variação da estatura e a intensidade da dor durante o trabalho nas condições PRÉ; 2horas; 4horas; 6horas e após 30‟na posição de Fowler foi aplicado o ANOVAoneway para medidas repetidas, o teste t para medidas repetidas foi utilizado para observar as diferenças do torque muscular do tronco. Foram realizadas análises de regressão linear simples e múltipla (método Stepwise) com as variáveis do estudo. Foi utilizado o software IBM SPSS Statistics 25.0 e as variáveis testadas com nível de significância de p<0,05. Foram encontradas variações significativas (p<0,01) da estatura em relação ao início da tarefa e momentos de 2, 4 e 6 horas (perdas de 4,82±1,90mm, 5,53±1,65mm e 6,75±1,72mm, respectivamente) e após intervenção na posição de recuperação (p<0,01). O período de recuperação mudou significativamente a estatura em relação ao instante 6horas e 4horas (p<0,01), recuperando 63% da estatura perdida (4,27±1,72mm). A dor teve aumento significativo após 2, 4 e 6 horas de trabalho quando comparadas ao início da jornada (p<0,05). A recuperação foi suficiente para causar redução significativa da dor em relação ao instante 6 horas (p<0,01). O pico de torque dos extensores do tronco apresentou redução significativa ao final do turno (p=0,02). O peso do policial fardado teve uma associação com a perda de estatura total (p=0,0444, r2=0,206) e após 2 horas de trabalho (p=0,0345 e r2=0,225). Indivíduos com maior torque dos músculos extensores do tronco tiveram maior recuperação da estatura (p=0,0392, r2=0,215). Houve associação negativa entre a porcentagem de recuperação e dor lombar (p=0,003, r2=0,529). A porcentagem de recuperação também foi associada com o torque dos extensores pelo peso corporal (p=0,023) e dor lombar (p<0,01) reportada ao final da jornada de trabalho. Esses achados podem contribuir para prevenir e melhorar a saúde dos policias motociclistas, além de subsidiar aquisição de equipamentos mais leves e ergonômicos, e motocicletas compatíveis com o trabalho.