Resumo

O presente estudo teve por objetivo: a) determinar a prevalência dos comportamentos de risco à saúde (CRS) e da percepção elevada de stress (STR); b) analisar quais os fatores psicosocias determinantes dos CRS e ainda c) Analisar em que medida os CRS estão associados à percepção negativa de saúde dos professores das IFES do Sul do Brasil. Para tanto foi realizado um estudo epidemiológico descritivo nas Instituições Federais de Ensino do Brasil durante o segundo semestre de 2003 e primeiro semestre de 2004, em uma amostra representativa de professores (n=842; 57% homens; idade média=45.5 ± 8.12), pertencentes ao quadro de ativos das Universidades e selecionados em dois estágios amostrais. Os CRS investigados foram: a) tabagismo; b) baixa ingestão de frutas e verduras; c) consumo abusivo de álcool e d) inatividade física. Para determinar a STR foi empregada a escala de estresse percebido (PSS-10). Os determinantes dos CRS investigados foram os estágios de mudança de comportamento, o apoio dos colegas de trabalho e a auto-eficácia. Todas as medidas foram auto-reportadas e demonstraram fidedignidade adequada. A tabulação dos dados foi realizada através do programa Epidata 2.0 e a análise estatística com o programa SPSS 11.0. Foram empregados a estatística descritiva, o teste Qui-quadrado e ainda a regressão logística múltipla, ajustada para as variáveis demográficas e condições de trabalho, com intervalo de confiança de 95%. A maior parte dos professores (58,9%) possui 2 ou mais CRS, sendo a baixa ingestão de frutas e verduras o CRS mais prevalente entre homens (85,1%) e mulheres (79,6%). O tabagismo estava associado (p<0,05) com maior renda e menor tempo de docência tanto para homens quanto para mulheres, enquanto baixo consumo de frutas/verduras estava associado (p<0,05) com menor tempo de docência entre os homens e maior carga horária semanal entre as mulheres. Não foi verificada associação entre variáveis sócio-demográficas ou de trabalho com os demais CRS. As mulheres apresentam maior prevalência (p<0,05) de STR (28,5%) do que os homens (21,0%), no entanto homens e mulheres não diferiram na percepção de saúde. Entre os homens a maior auto-eficácia estava associada com a maior intenção de abandonar o tabagismo (OR=10,0; p<0,05) e o consumo de álcool (OR=3,6; p<0,05), enquanto o apoio dos colegas estava associado com a maior intenção de reduzir tabagismo (OR=4,61; p<0,05), consumo de álcool (OR=6,23; p<0,05) e inatividade física (OR=2,42; p<0,05). Entre as mulheres a maior auto-eficácia (OR=3,17; p<0,05) e o maior apoio dos colegas de trabalho (OR=2,49; p<0,05) estavam associados com a maior chance de abandonar a inatividade física. Considerando os CRS combinados apenas INA estava associado com STR entre os homens (OR=1,79; p<0,05) e nenhuma associação entre CRS e STR foi verificada entre as mulheres. A percepção de saúde estava associada com a inatividade física (OR=1,83; p<0,05) entre os homens e com tabagismo (OR=2,15; p<0,05) entre as mulheres. O STR, quando combinado com os outros CRS estava associado com a percepção de saúde entre homens (OR=5,29; p<0,05) e mulheres (OR=4,26; p<0,05). Entre os professores das IFES do sul do Brasil os CRS apresentam prevalência similar à encontrada na população Brasileira, no entanto ocorrência de STR e de percepção negativa de saúde pode estar associada ao CRS combinados.
 

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