Comportamentos Sociais Esperados e Ocorridos em Um Contexto de Atividade Motora Adaptada Por Um Portador da Síndrome Rubisntein-taybi e Surdez Relacionados Aos Atributos Pessoais
Por Angela Teresinha Zuchetto (Autor).
Integra
INTRODUÇÃO:
A síndrome Rubinstain-Taybi está entre as mais raras das doenças mendelianas em humanos ocorrendo 1 para cada 300 000 nascimentos. Descrita em 1957, é pouco conhecida pela sociedade e comunidade médica. Apresentam polegares e hálux largos e grandes, anormalidades faciais e, geralmente associado, quadro de deficiência mental. Estudos indicam alterações no cromossoma 16. (KOROSUE, 2003). São pessoas muito felizes, sociáveis e possuem um sorriso descrito como fazendo caretas. Gostam de manipular objetos e instrumentos e são muitos sensíveis a qualquer forma de música. A surdez é caracterizada como sendo a falta de estímulos auditivos que promovam o condicionamento da fala. Comportamento social é um conjunto de ações, atitudes e pensamentos que o indivíduo apresenta em relação à comunidade, aos indivíduos com quem interage e a ele próprio. (MATOS, 1994. p. 41). A interação acontece quando um indivíduo interage com o outro, de quem depende o resultado de sua ação. A atividade motora oportuniza vivências novas, em ambientes distintos, utilizando jogos e brincadeiras como meios para o entendimento das regras sociais e culturais. Devido à falta de estudos relacionados a esta síndrome e a surdez o objetivo deste estudo foi verificar os "Comportamentos sociais esperados e ocorridos em um contexto de atividade motora adaptada por um portador da Síndrome Rubisntein-Taybi e surdez relacionados aos atributos pessoais conforme o modelo Bioecológico".
METODOLOGIA:
Este estudo, do tipo delineamento sujeito único, de escolha intencional, analisou uma jovem, de 16 anos, com síndrome Rubinstein-Taybi e Surdez. Na coleta de dados utilizou-se 10 aulas das 48 realizadas no ano, no Programa de Atividade Motora Adaptada, com duração de 1h 30m. Além do individuo analisado, participavam nas aulas, uma aluna com distúrbio de comportamento, um com síndrome de Angelman, um com autismo, alunos com paralisia cerebral, com síndrome de Down e seis acadêmicos. As aulas continham atividades rítmicas, lúdicas, recreativas, expressão corporal, e atividades variadas com arcos e bolas, circuito e lutas. Foram planejadas com intuito de desenvolver atributos pessoais, conforme proposto por Bronfenbrenner e Morris (1998), como: 1. disposições em conversar: demonstrando habilidade de se comunicar; atender: envolvendo-se na atividade; colaborar/ajudar: procurando alternativas para facilitar a execução da tarefa, dinamismo da atividade e participação de todos; 2. demandas como: respeitar às regras: mostrando capacidade de compreensão da atividade; compartilhar materiais quando se utilizavam materiais de forma conjunta; 3. recursos: brincar: capacidade de relacionar-se com os colegas; e assertividade: expressando sua vontade ou opinião. Na coleta de dados utilizaram-se filmagens das aulas e registro cursivo, incluindo os diálogos. Após o registro cursivo, foram categorizados os dados e analisados de forma qualitativa, utilizando-se a análise de contexto.
RESULTADOS:
De acordo com o registro cursivo foi possível observar que todos os atributos pessoais esperados ocorreram. Devido à ausência da linguagem oral, foram consideradas, para análise, suas atitudes como: apontar para uma pessoa, emitir sons, cutucar chamando e utilizando-se de gestos, sorrisos e demonstrações físicas, como formas de comunicação. As disposições ocorreram quando ela conversou tanto com adultos quanto com colegas, estas incluíam: 1. para com os adultos: solicitações referentes as atividade, respostas a questionamentos, apontava erro na execução dos colegas, demonstrar o quanto executava de forma correta 2: para com os colegas: ocorreram na forma de discussões durante o jogo e disputas de materiais Atendeu envolvendo-se nas atividades principalmente nas atividades com ritmo, esperava o comando/demonstração do professor e imitava imediatamente. Ajudar aconteceu quando soprava para o colega, demonstrando a maneira correta de executar a atividade e colaborou na montagem manutenção dos materiais durante as atividades. As demandas positivas como Respeito às regras e Compartilhar materiais ocorreram na maioria das atividades. Dos recursos: mostrar assertividade ocorreu em três aulas e brincar destacou-se quando brincava com os acadêmicos, realizava as atividades com alegria, realizava as coreografias de vários estilos musicais e sorria das brincadeiras que os acadêmicos faziam na sala.
CONCLUSÕES:
Os comportamentos sociais esperados para as atividades ocorreram: 1. quanto às disposições desenvolvimentalmente geradoras: atender, colaborar, ajudar colegas e conversar, desta forma envolvendo-se ativamente nas atividades motoras demonstrando esforço e motivação. 2. as demandas ocorreram quando: respeitou as regras e compartilhou materiais, bem como demonstrou interesse em aprender chamando o professor para que ele observe a execução do movimento e possa elogiar ou corrigir; 3. nos recursos: 1. a forma de comunicação por gestos e mímicas corporais foi adequada para promover a comunicação entre os pares e a interação social; 2. a assertividade foi uma constante em todas as aulas quando expressava sua vontade ou opinião, defendendo-se de ações indevidas dos colegas, lembrando regras e defendendo seus interesses; 3. brincou em todas as aulas, mais com adultos do que com colegas, expressando alegria, aplaudindo, vibrando e rindo a cada conquista. O sujeito demonstrou em todas as atividades uma grande perseverança, em nenhum momento desistiu das mesmas, provando ser capaz de realizar a mais ampla variedade de exercícios, dos simples aos mais complexos. O desconhecimento da linguagem dos sinais, pelos demais participantes do programa, não impediu a comunicação. Acredita-se que o fato da participante estar sempre acompanhada por um adulto, facilitou esta comunicação e o atendimento as diferenças individuais do mesmo.