Resumo

As baixas concentrações de vitamina D têm sido associadas às doenças cardiometabólicas, porém usualmente a população alvo dos estudos são crianças e adolescentes obesos. Poucos estudos abordaram a atividade física e concentrações de 25 hidroxivitamina D (25(OH) D) associados aos fatores de risco cardiometabólicos em adolescentes eutróficos. O objetivo deste estudo foi investigar as relações entre as concentrações de 25(OH) D e atividade física, bem como verificar se as baixas concentrações de 25(OH) D estão relacionadas com os fatores de risco cardiometabólicos em adolescentes eutróficos atletas e não atletas. Participaram desse estudo 33 adolescentes (20 meninos), com idade entre 10 e 17 anos, provenientes de uma escola pública de Curitiba. Os adolescentes foram avaliados quanto a massa corporal, estatura, circunferência abdominal (CA), índice de massa corporal (IMC), composição corporal, pressão arterial (PA), frequência cardíaca de repouso (FCrep), frequência cardíaca máxima (FCmáx.), estágio puberal, aptidão cardiorrespiratória (VO2máx), espessura médio-intimal (EMI), hábitos de exposição solar, alimentares e níveis de atividade física. Foram dosadas: glicemia, insulina, colesterol total (CT), low density lipoproteins (LDL), high density lipoproteins (HDL), very low density lipoprotein (VLDL), triglicerídeos (TG), 25(OH) D e proteína C-reativa (PCR). Os adolescentes classificados como eutróficos, com base no IMC, foram selecionados para participar desse estudo, em seguida, foram divididos em dois grupos, conforme o histórico de atividade física avaliado por questionário: grupo atletas ? 400 minutos/semana (GA=19), e grupo não atletas < 300 minutos/semana (GNA=14). Utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk para analisar a distribuição dos dados. Foram utilizados testes paramétricos e não paramétricos, sendo que o nível de significância adotado foi p ? 0,05. Os grupos foram semelhantes quanto à idade, cor da pele, sexo, estatura, massa corporal e IMC. O GNA apresentou valores inferiores de 25(OH) D, percentual de massa magra e VO2máx (p<0,01) e maior percentual de gordura, massa gorda e FCrep (p<0,01). Quanto as avaliações bioquímicas os grupos diferiram apenas para a variável VLDL (p?0,05), em que o GNA apresentou valores mais elevados. É importante ressaltar que para as variáveis que influenciam na concentração da 25(OH) D, o GA apresentou maior exposição solar diária de segunda a sexta-feira (p<0,01). Para o consumo de peixe e ovos, que são alimentos fonte de vitamina D os grupos foram semelhantes. Ademais, não diferiram quanto ao consumo de alimentos fortificados com vitamina D. Para as correlações realizadas na amostra total, foram observadas correlações diretas entre 25(OH) D e percentual de massa magra (rs=0,41; p=0,01), VO2máx (r=0,60; p<0,01), atividade física moderada a vigorosa (rs=0,43; p=0,01) e massa magra (r=0,38; p=0,03). E relação inversa entre 25(OH) D e FCrep (r=-0,40; p=0,03) e percentual de gordura (r=-0,44; p=0,01). Além disso, na análise dos grupos separadamente, no GNA foi observada correlação direta de 25(OH) D com a massa magra (r=0,60; p=0,02). A regressão linear simples demostrou que a massa magra explica 14% das alterações na variável dependente (25(OH) D). O VO2máx apresentou a melhor associação com a concentração de 25(OH) D, pois explica 34% das alterações nas concentrações desta variável. Portanto, a prática de exercício físico ao ar livre de forma regular se mostrou estratégia válida para manutenção do perfil lipídico, glicemia, insulina e vitamina D dentro dos parâmetros desejáveis.

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