Resumo

Compreender como o judô é concebido pelos atores que o vivenciam, possibilita entendimentos que favorecem possíveis transformações de seu ensino. O objetivo deste estudo foi verificar as relações entre as concepções teóricas e as atuações práticas no judô a partir das percepções de pais/responsáveis, professores e praticantes sobre a modalidade. O estudo contou com a participação de 74 voluntários ligados à vivência do judô, que responderam um questionário com questões fechadas e abertas. Essas foram analisadas a partir da estatística descritiva e da estatística inferencial – para as assertivas de escala Likert – e da metodologia de análise de conteúdo – para as dissertativas. Verificou-se que a concepção dos participantes se mostra heterogênea, com um entendimento que se aproxima tanto de elementos tradicionais como modernos. Praticantes (58,33%) e professores (37,50%) revelaram não ter conhecimento a respeito dos princípios do judô, ao mesmo tempo em que foram unânimes em dizer que o judô trabalha com valores, porém evidenciaram que na prática esses são ensinados sem a devida intervenção, de forma diretiva e prescindindo do diálogo. Verificou-se uma incongruência entre o que os participantes esperam da prática do judô e a forma como ele é, de fato, vivenciado. Essa inconsistência entre o que se espera estar fazendo e o que realmente se faz na prática da modalidade pode ser resultado de um processo de ensino que, aparentemente, não considera os conhecimentos produzidos historicamente em torno do judô como ponto de partida para suas intervenções, principalmente aqueles relacionados aos saberes conceituais e atitudinais.

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