Resumo
A adolescência é um período marcado por grandes modificações no organismo, e essas mudanças podem ocasionar um grande impacto no desempenho motor. Assim, as demandas esportivas e físicas podem estar atreladas ao crescimento, indicando a necessidade de preestabelecer relações com os indicadores da maturação biológica. Neste sentido, os objetivos do estudo foram: a) verificar a concordância e reprodutibilidade da maturação biológica estimada pelo pico de velocidade de crescimento (PVC) com a idade esquelética (IE) e; b) verificar a variação dos indicadores da composição corporal e do desempenho aeróbio com a idade do pico de velocidade de crescimento (IPVC) e a IE. Para tanto, a amostra foi composta por 179 atletas de futebol, do sexo masculino, na faixa etária de 11 a 17 anos de idade, pertencentes a clubes de formação da região metropolitana de Londrina, Paraná, Brasil. Foram realizadas avaliações antropométricas de massa corporal, estatura e altura sentada. A composição corporal foi obtida pela pletismografia de ar deslocado (BOD POD). A maturação biológica foi estimada pela IE, mediante radiografia da mão e do punho e por meio da IPVC. O desempenho aeróbio foi mensurado pelo Yo-Yo Intermittent Endurance Test. O teste t pareado, o coeficiente de correlação-intraclasse e o coeficiente de variação foram utilizados para as análises da reprodutibilidade. Para as análises da concordância, foram utilizados o indice kappa, o teste de McNemar e o teste V de Cramer. Além disso, para verificar tanto a reprodutibilidade, quanto a concordância foi empregada a análise de Bland e Altman. O teste de Mann-Whitney foi empregado para verificar a variação entre os indicadores da composição corporal e do desempenho aeróbio e os indicadores da maturação biológica. O nível de significância adotado foi de 5%. As correlações variaram de 0,991 a 0,999, indicando alta relação entre as duas medidas para a estimativa da maturação somática. A plotagem de Bland-Altman indicou correlação entre as duas medidas (r=0,98). A concordância entre classificações de maturidade foi considerada moderada (52,5%). A concordância entre as classificações de maturidade foi baixo (k=0,15; p<0,04). A plotagem de Bland-Altman mostrou correlação positiva entre as duas técnicas (r=0,84). Observaram-se diferenças significativas (p<0,001) entre a utilização da IE e da IPVC somente no indicador de densidade corporal nas três categorias de classificação da maturidade esquelética. Além disso, não foram encontradas diferenças significativas (p<0,001) entre a aplicação da IE e da IPVC com o indicador de desempenho aeróbio. Conclui-se que a reprodutibilidade para as variáveis do PVC foi considerada alta e a utilização da IPVC, para determinar a estimativa da maturidade biológica podem classificar de maneira distinta os mesmos indivíduos, quando comparada com a IE. Apesar disso, nenhuma diferença foi observada no desempenho aerobio sugerindo que a utilização da técnica da IPVC pode ser uma alternativa para substituir a IE.