Concordância Entre índice de Massa Corporal e Razão Cintura/estatura no Diagnóstico da obesidade Abdominal em Crianças
Por Ricardo de Lucena Bezerra (Autor).
Em 43º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: A Obesidade Abdominal (OA) é um dos principais fatores de risco de doenças crônicas não transmissíveis; métodos simples e eficazes são necessários para diagnosticá-la em larga escala e o mais precocemente possível. Objetivo: Verificar a concordância entre IMC e RCE no diagnóstico da obesidade abdominal em crianças. Métodos: Estudo transversal realizado em uma escola municipal da periferia da Zona Sul de São Paulo. Foram avaliadas 251 crianças com idades entre 6 e 10 anos, sendo 125 (49,8%) meninos com média de idade de 8,1±1,2 e 126 (50,2%) meninas com média de idade de 7,9 ±1,1. Não foram incluídas crianças com doenças crônicas e necessidades especiais. Coletou-se dados referente à estatura, peso e circunferência da cintura, segundo os protocolos de MALINA & BOUCHARD (2002). O IMC foi expresso em kg/m2, classificou-se com Excesso de Peso (EP) as crianças com escore z ≥ +1, de acordo com sexo e idade (OMS, 2007). Foi classificada com OAas crianças com a RCE ≥ 0,50, ponto de corte proposto por ASHWELL& HSIEH (2005). Aplicou-se o teste de Kappa e de Mc Nemar para análise das concordâncias e discordâncias entre RCE e IMC, com nível de significância de p < 0,05. Resultados: Aprevalência de EP da amostra foi de 27,1% (IC95% 21,7-33,0) e da OA foi de 18,3% (IC95% 13,7-23,7). A tabela demonstra que houve concordâncias e discordâncias significantes. Os resultados do teste de Kappa foram 0,70 para os meninos e 0,66 para as meninas, indicando BOAreplicabilidade das avaliações entre IMC e RCE, segundo a escala de ROSNER (2006). Do total dos meninos diagnosticados com OA, 96% (IC95% 79,7-99,9) possuíam EP, entre as meninas com OA, 90,5% (IC95% 69,2-98,8) possuíam EP. Entre os meninos houve discordância de 11,2% (IC95% 5,7-16,7; p= 0,0018). Dos 125 meninos 10,4% (IC95% 5,0-18,8) foram diagnosticados com EP sem apresentar OA. Somando todos os meninos com EP, 35,1% (IC95% 19,8-50,5) não apresentavam OA. Nas meninas houve discordância de 11,1% (IC95% 5,6-16,6; p= 0,0129). Das 126 meninas 9,5% (IC95% 4,4-14,6) foram diagnosticadas com EP sem apresentar OA. Do total de meninas com EP, 38,7% (IC95% 21,6-51,9) não apresentavam OA. Conclusão: Os resultados evidenciaram que existe boa concordância entre IMC e RCE no diagnóstico da OAem crianças. Entretanto, há probabilidades significativas de crianças sem OAserem diagnosticadas com EP. Sugere-se que a RCE deva ser adotada em conjunto com o IMC para estimar a distribuição da gordura corporal em crianças