Resumo

O objetivo deste estudo foi analisar as estratégias do CONFEF na reconfiguração do campo da educação física, examinando a hipótese de que o Conselho atuou como um organizador da mercantilização das relações sociais e das práticas estabelecidas na área, alterando a função social da educação física em sintonia com valores do mercado. A base empírica do estudo foi principalmente o exame da Revista E.F., veículo oficial de comunicação do Conselho Federal de Educação Física, assim como de documentos oficiais e das diretrizes curriculares. Em conformidade com o método materialista histórico, a metodologia adotada foi a análise da revista enquanto suporte e dos discursos nela colocados em circulação. Para alcançar o objetivo almejado, a investigação partiu de um quadro teórico da conjuntura econômica e política mundial datado do fim da 2ª guerra mundial, particularizando a situação brasileira, evidenciando as mudanças ocorridas no mundo do trabalho e nas políticas de educação. Em seguida, almejando uma melhor análise e compreensão da perspectiva de educação física do referido Conselho, a investigação sistematizou a educação física enquanto dimensão da educação omnilateral, tendo como ponto de partida a teoria marxista e as experiências de educação socialista. Adiante, foi traçado um panorama analítico sobre as mediações que sustentam a discussão do estudo, no caso, a precarização do trabalho docente, a regulamentação da profissão de Educação Física, e a formulação das novas diretrizes curriculares para a graduação em Educação Física. Por fim, as vinte e cinco primeiras edições da Revista E.F. foram examinadas e, em conseqüência, chegou-se às seguintes conclusões: a) o CONFEF desenvolveu um sistemático processo de institucionalização e construção de sua própria “legitimidade” para que, assim, pudesse falar em nome dessa nova categoria profissional; b) o CONFEF executou estratégias para organizar o campo da Educação Física em função dos novos paradigmas esperados pelo capital, reforçando-o e adequando-o às transformações recentes do mundo do trabalho, o que, em última análise, sinaliza a defesa da mercantilização desse campo de atuação. 
 
 

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