Confiabilidade da medida de oxigenação cerebral e muscular em teste de ciclismo incremental máximo
Por Carlos Alessandro S Dos Anjos (Autor), Fernando Henrique Magalhães (Autor), Roberto J. M. Covolan (Autor), Ítalo Vinícius Floriano De Paula (Autor), Flávio De Oliveira Pires (Autor), Julio Cesar Silva Cesario (Autor).
Em 46º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
: A espectroscopia de infravermelho próximo (NIRS) é uma tecnologia usada para mensurar o nível de oxigenação tecidual a partir da relação entre a absorbância de feixes de luz infravermelha e a concentração de hemoglobina saturada (O2Hb) e não saturada (HHb). Apesar do seu uso frequente em contextos clínicos, há uma falta de estudos demonstrando a confiabilidade desta tecnologia em acessar a oxigenação tecidual cerebral (OXC) e muscular (OXM) durante o exercício físico. Por exemplo, há uma carência de estudos que possam confirmar que esta tecnologia é capaz de prover medidas confiáveis das alterações de OXC e OXM em função do aumento da intensidade de exercício.
Objetivo: O objetivo deste estudo é investigar a confiabilidade da medida de OXC e OXM acessada por NIRS em teste incremental máximo (TIM).
Método: Nove ciclistas experientes em modalidades de endurance (> 3 anos de ciclismo competitivo; 32,9 ± 7,3 anos, 75,9 ± 9,0 kg, 175,7 ± 5,9 cm) e com experiência em TIM realizados em ciclo-ergômetro, participaram do estudo. Os testes foram realizados em duas visitas, com intervalo de 7 dias entre elas. O teste consistiu em um aquecimento padronizado de 7 minutos, seguido de aumento progressivo na intensidade de 25 W·min-1 até a exaustão, identificada na incapacidade de manter a cadência alvo no pedal (80 rpm). A OXC e OXM foi mensurada continuamente (25 Hz) por todo o TIM, por meio de optodos fixados no córtex pré-frontal (CPF) na posição Fp1 e no ventre muscular do músculo vasto lateral (VL). Alterações micromolares (µM) nas concentrações de O2Hb e HHb e hemoglobina total (HBT) no CPF e músculo VL foram calculadas como a média dos últimos 10 s de cada 10% da duração total do teste, após filtragem (passa-baixa de 0,4 Hz) e down-sampling para 1 Hz. Os dados de O2Hb e HHb foram expressos como delta de alteração (∆µM) em relação ao sinal obtido em repouso absoluto (2 min), antes do início do TIM. A confiabilidade relativa foi calculada a partir do coeficiente de correlação intraclasse (CCI(2,k)) e classificada como baixa (>0,5), moderada (0,5-0,75), boa (0,75-0,90) e excelente (>0,90) confiabilidade. A confiabilidade absoluta foi calculada a partir do EPM, e expressa em sua medida original.
Resultados: As medidas de CCI(2,k) em todas as variáveis de OXC e OXM foram classificadas com baixa confiabilidade. O EPM da OXM variou de 56,1 ∆µM à 1523,3 ∆µM em todos os índices de NIRS, enquanto no CPF foi de 243,5 ∆µM a 2189.3 ∆µM. A mínima diferença detectável (MDD) nos índices de OXM apresentou uma variação de 155,1 a 4209,9 ∆µM, enquanto nos índices de OXC foi de 672,8 ∆µM a 6050,4 ∆µM. No geral, os resultados indicaram que a confiabilidade absoluta nos índices de OXC e OXM foi baixa, com erro progressivo à medida que a intensidade de exercício aumentou. A tabela 1 mostra os valores de confiabilidade relativa e absoluta em cada índice de OXC e OXM.