Configuração do Processo Ofensivo no Jogo de Andebol Pela Relação Cooperação/oposição Relativa à Zona da Bola. Estudo em Equipas Portuguesas de Diferentes Níveis Competitivos
Por Ireneu Moreira (Autor), Fernando Tavares (Autor).
Em Revista Portuguesa de Ciências do Desporto v. 4, n 1, 2004. Da página 29 a 38
Resumo
Fernando Tavares Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física Universidade do Porto, Portugal RESUMO Este estudo teve como objectivo analisar e comparar a configuração do processo ofensivo no jogo de andebol, em equipas masculinas portuguesas de distintos níveis de competição, considerando a relação cooperação/oposição relativa à zona da bola. A amostra é composta por dois grupos distintos: (i) o Grupo Sénior (GS), constituído pelas quatro equipas melhores classificadas no Campeonato Nacional da Iª divisão, com a observação de dez jogos; (ii) o Grupo Juvenil (GJ), constituído pelas cinco equipas que disputaram a final do Campeonato Nacional da Iª divisão, com a observação de dez jogos. Isto traduz- se num total de 1365 sequências ofensivas, 980 para o GS e 385 para GJ. O método utilizado foi o de observação indirecta, tendo como técnica a observação sistemática de imagens gravadas. No sentido de proceder à observação do processo ofensivo tivemos em consideração: (i) sequência de passes na construção do processo ofensivo anterior à perda da posse da bola; (ii) condições de finalização; e (iii) acção de finalização. Para a anotação dos dados foi elaborada uma ficha de observação. A análise dos dados foi efectuada a partir dos procedimentos da estatística descritiva. Para comparar as diferenças entre os dois grupos foi aplicado o teste one way Anova. Os resultados obtidos permitem concluir que: (i) os dois grupos utilizam os métodos de jogo de acordo com estruturas idênticas aos padrões internacionais e conforme os padrões de identidade da própria modalidade, sendo portanto o jogo em ataque posicional o mais utilizado - no GJ com 85% e no GS com 76% dos ataques; (ii) é preocupante a ausência dos métodos de jogo no grande espaço nos dois grupos, especialmente no GJ; (iii) em ambos os grupos, as condições de finalização em igualdade numérica relativa são as mais frequentes; (iv) os jogadores do GS conseguem converter estas situações de igualdade em vantagem, aquando da perda de posse da bola; (v) nas situações de assimetria, ambos os grupos apresentam, no ataque posicional, características idênticas no aumento/redução da relação numérica relativa, não sendo muito claro o aproveitamento da situação no GJ; e (vi) não se verificaram diferenças na solicitação das diferentes linhas dos sistemas de jogo, em ambos os grupos, sendo a preponderância da primeira linha do sistema de ataque comum. Palavras-chave: andebol, análise do jogo, rendimento, processo ofensivo, simetria/assimetria numérica.