Conhecer e Compreender Para Planejar e Intervir: o Olhar Etnográfico em Pesquisa com Esporte e Moralidade
Por Paulo César Montagner (Autor).
Em II Congresso Internacional de Pedagogia do Esporte FCA-UNICAMP/SESC - CONIPE
Resumo
Introdução: A ação educativa objetivando o desenvolvimento moral é defendida diante da crise de valores instalada na contemporaneidade (BAUMAN, 2001). No entanto, intervenções sem considerar a cultura local se mostram superficiais e pouco significativas, justificando a busca pela compreensão das relações no ambiente (PUIG, 2012). Objetivo: Descrever o processo de compreensão da cultura de uma comunidade rural norteado pelo olhar etnográfico (PUIG, 1998; ANDRÉ, 1995), e suas decorrências no planejamento e intervenção nas aulas de judô do projeto de extensão proposto na localidade. Metodologia: Adotou-se a observação participante orientada pela etnografia no acompanhamento longitudinal de um projeto de extensão que ofereceu ensino do judô para uma comunidade rural do interior da Bahia, tendo como um dos objetivos a intervenção para o desenvolvimento moral de jovens entre 6 a 18 anos (Aprovação no comitê de ética Unicamp CAAE: 56610616.5.0000.5404). Resultados: A adoção do olhar etnográfico do pesquisador permitiu que adequações no planejamento fossem realizadas a partir da percepção dos costumes e relações da comunidade. Foram planejadas ações que discutiram temas considerados relevantes como a desvalorização do negro, das mulheres e do morador rural, o descompromisso enfrentado nas mais variadas situações e seus reflexos na conduta dos moradores, a pobreza e a ausência de bens e de serviços que geravam exclusões de toda natureza. Para além da conscientização, intervenções específicas na dinâmica do ensino esportivo, como também em ações periféricas deste ambiente, foram implantadas buscando minimizar alguns flagelos como a melhoria e valorização da comunidade a partir de suas qualidades e potencialidades, do estímulo ao pertencimento e do contínuo aprendizado gerando sentimento de capacidade e merecimento. Conclusões: A adequação na intervenção pelo aguçamento do olhar para a comunidade permitiu atuar significativamente em temas sensíveis sofridos no cotidiano de seus moradores, que por sua vez demonstraram novos valores de relacionamento intra e interpessoais.