Resumo

A visão de processo adaptativo aplicada à aprendizagem pressupõe quebra de estabilidade, necessária para o aprendiz alcançar níveis superiores de complexidade. Dessa forma, instabilidade, incerteza, desordem e erro podem se constituir características positivas do processo. Considerando o CR como fonte de ordem/desordem, o presente trabalho teve o propósito de investigar quais regimes de freqüência(33%,66% e 100%) e precisão (geral e especifico) de CR favorecem o processo adaptativo na aquisição de uma habilidade motora conjugada de preensão manual com posicionamento linear.Cento e vinte adultos universitários de 18 a 39 anos( media de 25 e desvio padrão de 4,5 anos) foram alocados a seis grupos de 20 sujeitos( dez do sexo masculino e dez do sexo feminino). Na primeira fase do estudo (estabilização), os sujeitos executaram a tarefa CR verbal, que versou apenas sobre a tentativa recém finalizada de modo a informar sobre o alcance de 20 % da força máxima e 35 cm de deslocamento. O critério para encerramento dessa fase foi a execução de duas tentativas dentro de uma faixa de tolerância de erro. Na fase de adaptação, os sujeitos foram testados em 15 tentativas sem Cr na mesma tarefa, porém com a perturbação ambiental de uma força de translação de aproximadamente 2kgf, no sentido contrário do movimento. O equipamento desenvolvido e utilizado foi o Aparelho Eletromagnético de Posicionamento Linear com Dinanometria. As tentativas foram executadas com o membro superior não dominante e com oclusão visual. Da força aplicada no dinamômetro e do deslocamento do cursor originaram-se as medidas de erro: absoluto (EA), constante (EC) e variável (EV).Os resultados da fase de estabilização mostraram indicações que Cr freqüente e especifico proporcionou melhor desempenho.Além disso, os grupos, em ambas as demandas (Força e distancia) reduziram o nível de erros de um ponto inicial a um ponto posterior no tempo com tendência exponencial, o que evidencia a ocorrência de aprendizagem da tarefa.Com base nos resultados da segunda fase, a adaptação à perturbação introduzida não se condicionou às manipulações de freqüência de precisão de CR da fase de estabilização.Os dados de ambas as demandas se ajustaram a um modelo caracterizado pela presença de variância substancial no momento inicial.Não obstante, houve heterogeneidade de resposta ao longo das tentativas na demanda de distância. Os resultados de ambas as demandas da tarefa evidenciaram tracking de baixo a moderado, ou seja, não houve estabilidade de desempenho dos sujeitos, o que implica em possibilidade muito reduzida para prever o desempenho de cada grupo e para cada sujeito. Uma quantidade muito reduzida de sujeitos apresentou não aleatoriedade de erros, reveladora de alguma tendência ou estratégia de desempenho consistente ao longo das tentativas. Pode-se concluir que não se faz necessário reduzir excessivamente a incerteza por intermédio de regimes de CR com muita freqüência e precisão.

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