Considerações sobre o sentido da passividade no pensamento de sartre: o paradoxo da existência passiva de uma subjetividade espontânea
Por Thana Mara de Souza (Autor), Tiago de Oliveira Carvalho (Autor).
Resumo
O objetivo do nosso artigo é analisar como Sartre articula a relação entre a atividade e a passividade da subjetividade. Em primeiro lugar, argumenta-se que a fenomenologia desenvolvida nos anos 30 não desconsidera os fenômenos nos quais a consciência aparece alienada de sua espontaneidade, tais como o medo, o sonho, a alucinação, etc. Na verdade, notar-se-á que a compreensão da passividade da consciência ocupa um lugar central na totalidade das obras iniciais. Será a partir desse plano de fundo que faremos uma breve análise da descrição da emoção em O esboço para uma teoria das emoções a fim de compreender como Sartre define passividade e atividade como dois aspectos da consciência que coexistem sem entrar em conflito. Para tanto, será demonstrado como a espontaneidade do modo de ser da consciência é a fonte da força esmagadora das coisas que a aprisiona sem que ela se apreenda como parte constituinte desse mundo que a cativa. Nesse ínterim, defenderemos a tese de que a síntese desses aspectos só é possível devido à separação metodológica entre síntese, a totalidade sintética homem-no-mundo, e análise, que permite compreender o papel de cada elemento da totalidade em questão. Tal separação perpassa o percurso sartriano e se mantém também na maneira em que se estabelece a relação entre liberdade e alienação nas obras tardias, como, por exemplo, a Crítica da razão dialética.