Resumo

Os dez Centros de Memória da Educação Física (CMs) das Universidades Federais Brasileiras são lugares de memória (NORA, 1993) cada um com trajetórias próprias e especificidades. Contudo, desde 1996, quando o primeiro CM foi criado, várias de suas ações e características se entrelaçam. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi analisar esses entrelaçamentos a partir das parcerias, formação de docentes envolvidos, relações pessoais e discussões teóricas. Utilizamos como aporte teórico a História Cultural e nosso conjunto de fontes foi produzido a partir de 36 entrevistas de História Oral, análise de produção bibliográfica sobre os Centros e Currículos Lattes dos/as docentes. Os CMs analisados foram criados por iniciativa de docentes que, em sua maioria, realizavam pesquisas historiográficas. Todos de alguma forma tiveram influência do Centro de Memória do Esporte (UFRGS) e Centro de Memória da Educação Física, do Esporte e do Lazer (UFMG). Percebemos também semelhanças entre seus acervos e ações muitas voltadas para a história da instituição que os abriga, além da preocupação com a divulgação, a pesquisa e a realização de eventos ou exposições. O contexto de formação dos/as docentes que criaram e deram continuidade aos CMs também apresentam similaridades. Os referenciais da renovação historiográfica da Educação Física brasileira permearam as discussões no momento que esses/as professores/as estavam realizando suas formações em nível de pós-graduação, ampliando a discussão sobre a utilização de diferentes tipos de fontes, pondo em destaque a história problema, olhando para os contextos culturais, abordando novas temáticas como as ‘práticas’. A formação desse grupo também foi influenciada pela centralidade da realização dos cursos no estado de São Paulo, a ampliação da pós-graduação na área e por encontros e parcerias possibilitados por diferentes espaços de formação, como os eventos e as publicações específicas sobre a história da Educação Física e do esporte. A partir do descrito, consideramos então que houve um movimento de constituição dos CMs, pois entendemos como movimento uma conjuntura que reuniu condições para a realização de ações e discussões sobre esse tema em uma coletividade. Não se tratando de uma simples ação ou mudança de posição, nem de algo articulado e sistematizado a priori, mas que é constituído no caminho percorrido e sempre renovado. Caminho este que tem apresentado obstáculos, mas se mostrado importante para a preservação de nossas memórias e produções cada vez mais diversas da história.

Referências
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História, São Paulo, n. 10, p. 7-28, dez. 1993.
Fonte de financiamento: CAPES.