Integra

Introdução

Este artigo é resultado de uma pesquisa do programa Pibic/CNPq (2004-2005) e PIAIC/UFU (2004-2005) da Universidade Federal de Uberlândia que teve como objetivo descrever, analisar e interpretar os Planejamentos de Ensino (denominado Estratégias de Ensino)

sobre o ensino do esporte na escola dos professores da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia, com a finalidade de compreender como estes constroem os materiais curriculares utilizados no processo de planejamento e de ensino-aprendizagem dos alunos.

Um dos interesses em investigarmos a temática materiais curriculares (MC) provem de outras estudos que realizamos sobre como os professores de Educação Física constroem seus saberes no confronto individual e coletivo no cotidiano da prática educativa. Saber este que perpassa por vários aspectos de construção da prática pedagógica, como por exemplo na elaboração dos próprios materiais curriculares, sejam eles para ajudar o professor no planejamento de aula ou para aplicação junto aos alunos.

A definição pelo tema esporte se justifica em função: a)- da carência na sistematização de Estratégias de Ensino (Plano de Ensino) com este conteúdo, apesar de ser um dos conteúdos mais utilizado nas aulas de educação física e possivelmente aqueles que os professores mais dominam considerando o "grande" número e o objetivo de disciplinas técnico-desportivas nos curso de formação de professores;

b)- da existência de diferentes leituras/compreensões a respeito do ensino do esporte nas aulas de Educação Física; c)- do desafio do ato de planejar uma intervenção pedagógica crítica do ensino do esporte como conteúdo nas aulas de Educação Física de forma que os alunos se apropriem do esporte com um conhecimento elaborado.

Percurso metodológico

O presente projeto se caracteriza no âmbito da perspectiva interpretativa crítica que segundo André (1995) permite um plano de trabalho aberto e flexível, onde os focos do projeto são constantemente revisados, as técnicas de coleta das informações são "reavaliadas, os instrumentos reformulados e os fundamentos teóricos repensados" (p.30).

No levantamento realizado para detectar o número Estratégias de Ensino sistematizadas sobre o tema esporte nos Anais do primeiro, terceiro de quarto Simpósio de Estratégia de Ensino foram encontradas onze estratégias que se enquadram nos critérios estabelecidos pela pesquisa. Ou seja, aquelas sistematizadas por professores da Rede Municipal de Ensino.

Para analisar e interpretar as estratégias definimos alguns itens para uma classificação inicial composto por: Nome da estratégia; MC utilizado para seus desenvolvimento; série onde foi aplicada; e observações pessoais.

Após leituras exaustivas da classificação, das análises iniciais, da transcrição da entrevista e posterior análise da mesma ordenamos os dados em diversas categorias. Estas categorias constituíram um conjunto de significados no qual denominamos de indicadores da construção de MC das Estratégias Ensino sistematizadas no cotidiano da prática pedagógica e no processo ensino-aprendizagem. São eles: MC e a intenção pedagógica; superação da exclusividade do paradigma da aptidão física nas aulas de Educação Física; MC confeccionado pelo professor e/ou aluno; ampliando a reflexão sobre o esporte por meio dos MC; planejamento de ensino e os MC.

A discussão apresentada sobre os indicadores nos proporcionou refletir sobre os conceitos MC no interior da EE. Neste sentido, passamos apresentar o que estamos denominamos neste momento de uma classificação dos MC em quatro categorias. Lembramos que esta não é uma classificação generalizada para todo o tipo de planejamento sobre o esporte. Esta é restrita ao contexto de planejamento que as EE se encontram. A classificação ficou assim definida:

1) MC Tradicional (MCT): por material curricular tradicional entendemos ser aqueles que ao serem observados remetem automaticamente ao esporte ou atividade física e que é industrializado. Exemplos: bolas das diversas modalidades esportivas, bastões, cordas, traves, redes, colchonetes, medalhas, cesta de basquete, peteca, bolas de borracha, apito, colete, etc.

2) MC Tradicional Alternativo (MCTa): trata-se do material curricular tradicional que ao ser observado remete ao esporte ou atividade física, porém é de criação do professor, ou do aluno ou de ambos. Exemplos: peteca feita por material como garrafa pet e pano, bolas de meia, sacos de areia, etc.

3) MC Não-Tradicional (MCnT): são materiais curriculares industrializados que ao serem observados não remetem ao esporte ou atividade física, contudo são utilizados para tratar desses. Exemplos: livro, caderno, giz, folha sulfite, textos, figuras, quadro-negro, jornal, revista, fita de vídeo, fita adesiva, vídeo cassete, lápis de cor, caneta, etc.

4) MC Não-Tradicional Alternativo (MCnTa): são os que não remetem ao esporte ou atividade física e que foram criados ou pelo professor, ou pelos alunos ou por ambos, ou seja, não industrializados que ao serem trabalhados tratam do tema esporte. Exemplos: painéis, textos, desenhos, maquetes, cartazes, etc.

A partir desta classificação a análise das EE ficou assim estabelecida:

Os materiais curriculares nas estratégias de ensino sobre o esporte: Dos indicadores do planejamento à intenção pedagógica
Pela dinâmica apresentada nas EE percebe-se a existência de outros materiais, normalmente utilizados nas aulas, mas que os professores não relatam (não descrevem), tais como o apito, os coletes, dentre outros, inclusive a bola (citam o jogo, mas não fazem menção explícita a esta). Verificamos também que existe um número escasso de MCTa sendo utilizados.

Contudo constatamos que a escolha da modalidade aplicada na estratégia ou até mesmo a aplicação de uma EE gira em torno do MCT (geralmente a bola) existente ou disponível ou não na instituição, e para alguns isto (ter ou não material) pode, inclusive, influenciar na qualidade da aula) como exemplificado nos trechos, abaixo citados, das EE

A escolha da modalidade se dará levando em consideração os materiais e locais disponíveis na escola. (EE 2)

A escolha da modalidade se dará levando em consideração a utilização da quadra e dos materiais pelos outros professores. (EE 3)

A escassez de material para as aulas muitas vezes faziam com que as aulas ficassem monótonas. (EE 5)

Assim, este torna-se um material que normaliza a aula, ou seja, governa a prática do ensino e até mesmo da aprendizagem. Neste contexto, o material, segundo Martinez Bonafé (2002), ordena a vida da aula, podendo ser até um dispositivo privilegiado das políticas de controle. Ou, nas palavras de Aplle (1989) apud Martinez Bonafé (2002) "atua como um importante mecanismo de controle técnico sobre a prática do ensino" (p.28).

Percebemos também o uso de um expressivo número de MCnT e MCnTa sendo utilizados, acreditamos que isto ocorra por a Rede Municipal de Ensino de Uberlândia possuir uma proposta curricular que tenta superar a exclusividade do paradigma da aptidão física no ensino do esporte nas aulas de EF. Contudo sabemos que os instrumentos em si não garantem que esteja ocorrendo à superação desse paradigma, mas pode apontar um avanço desde que isto faça parte da proposta pedagógica na escola. Pois, o trato pedagógico do esporte passa pela utilização de materiais tradicionais (ou não) sendo também confeccionados (ou não) pelo próprio professor, pelo aluno ou ainda por ambos.

Quando os materiais são criados pelos professores para o desenvolvimento de sua aula este serve para tratar temas e temáticas a serem refletidas coletivamente com mais profundidade. Em determinadas situações os alunos participam da confecção do material, mais como resultado da reflexão sobre o tema a ser tratado do que especificamente do material que ele vai utilizar. Para a professora além de se criar o material que vai ser utilizado, o que se busca é procurar o material que vai dar suporte para confeccionar um outro.

Como lembra Fernández (1989) apud Parcerisa (1999) devido a diversidade entre os alunos os MC´s deveriam ser o mais diversificados para possibilitar uma melhor atenção destes, oferecendo inúmeras possibilidades de uso em função da necessidade de cada situação e momento, tendo-se em conta uma perspectiva de formação integral.

Sobre a confecção de material pelo aluno consideramos esta importante, pois como lembra Tornaghi (s.d.) ao expor a pedagogia de Freinet, que isto faz com que o aluno "perceba que pertence a um conjunto maior e que sua produção tem valor para todo o grupo podendo ser melhorada e ampliada pela interferência dos colegas". Para professora entrevistada este momento de construção de materiais é importante pois, no caso dela com a Educação Física infantil, os alunos começam a entender o processo de criação dos materiais tradicionais. Por outro lado, também é

(...) bom porque ele implica a gente (docente) a fazer o material junto com criança e junto da realidade dela (...) Ai se eu pegasse o material tradicional eu já iria para o pátio com eles, o material já estaria pronto, talvez eu não esclarecesse tanto ele, não mostrasse tantas possibilidades para construir, né, um material similar. (...) O ideal era que a gente tivesse e confeccionasse.Ai leva para a realidade deles. (professora)

Em todas as estratégias verificamos que o MC procurou atender a intencionalidade pedagógica apresentada na justificativa da EE a que seria trabalhada, que eram: cooperação; trabalho coletivo; exclusão, preconceito com relação a gênero, raça, habilidades, a prática social do esporte, individualismo, respeito, democracia, igualdade e participação. Esse momento, principalmente quando os alunos estão na sala de aula colorindo, dobrando e/ou colando, é retratado pela professora como um espaço que permeia o respeito pelo outro, emprestar e etc (professora).

Apesar dos materiais segundo Zabala (1998) serem menosprezados como variáveis metodológicas, tal menosprezo, muitas vezes, parte dos próprios educadores que não possuem um conhecimento quanto à relevância de sua aplicabilidade. Para o autor esse tipo de atitude pode ser decorrente da carência de tempo para sua formação continuada, por falta de compromisso docente e/ou por políticas públicas de construção de MC´s sem participação de professores na sua elaboração.

Considerações finais

Foi possível perceber nas EE analisadas que os professores buscaram através do planejamento retratar a dimensão política de sua prática pedagógica. Consideramos que esse tipo de atitude acontece pelo fato de que esse coletivo vem participado continuadamente de um processo de formação continuada, que tem como principio uma formação e uma prática pedagógica na perspectiva de um ensino crítico e reflexivo.

Neste sentido, fica perceptível a dimensão política da utilização do material curricular voltado para um planejamento da Educação Física Escolar alicerçado em:

a)- a não restrição do ensino específico das modalidades esportivas com exclusividade nos fundamentos. Estes eram tratados a partir de temas geradores que compõe a prática do esporte enquanto fenômeno social;

b)- dependendo da intenção pedagógica que o professor tem ao tratar o tema esporte ele pode utilizar materiais convencionais ou não. Os instrumentos em si não garantem que esteja ocorrendo a superação desse paradigma, mas pode apontar um avanço desde que este reflita uma proposta pedagógica;

c)- O trato pedagógico do esporte ele passa pela utilização de materiais tradicionais ou não sendo confeccionados pelo próprio professor. Ou seja, tratar o esporte de forma crítica não significou esquecer do ensino das modalidades;

d)- a importância da utilização da utilização dos diferentes tipos de MC (tradicional, tradicional alternativo, não tradicional e não tradicional alternativo) podendo ser utilizado dependo da intencional pedagógica.

e)- busca da superação da exclusividade do paradigma da aptidão física nas aulas de Educação Física;
f)- em determinadas situações os alunos participam da confecção do material, mais como resultado da reflexão sobre o tema a ser tratado do que especificamente do material que ele vai utilizar.

g)- a importância do professor confeccionar o material para orientar o desenvolvimento de sua aula, pois pode tratar temas, temáticas a serem refletidas com mais profundidade coletivamente.

h)- a utilização de um único material (tradicional) ou somente aquele que esta disponível, pode limitar o aluno a possibilidade de experimentar outros conhecimentos. Além disso, também pode criar no professor um tipo condicionamento trabalhando apenas com o material tradicional sem criar alternativa para este.

As discussões aqui apresentadas nos fazem refletir que a necessidade de ampliarmos nossa reflexão a cerca da construção MC na formação inicial e continuada de professores, pois segundo Zabala (1998) muito professores por desconhecerem as variáveis metodológicas que os MCs nos oferece acabam por menospreza-los.

Para o autor, tal menosprezo, muitas vezes, parte dos próprios educadores que não possuem um conhecimento quanto à relevância de sua aplicabilidade. Esse tipo de atitude é decorrente da carência de tempo para sua formação continuada, por falta de compromisso docente e/ou por políticas públicas de construção de MC´s sem participação de professores na sua elaboração.

A falta de participação dos professores na construção de MC´s faz com que estes apliquem única e fielmente o material sem reflexão para o seu cotidiano e suas implicações no processo ensino-aprendizagem. Os professores passam a negar totalmente tal material e não buscam alternativas para ampliar ou melhorar sua ação pedagógica.

Para Martinez Bonafé (2002) os materiais constituem exemplos para o tratamento de um tópico nas aulas. Atuam como suporte ou ajuda para professores e professoras, posto que a estrutura de seu posto de trabalho não lhe permite abarcar-se na elaboração de materiais de alta qualidade. Os materiais que oferecem o projeto tem uma vida limitada pelo que não podem converter-se em definidores do currículo, senão mas bem, em um recurso pontual que sugere um modo de trabalho, uma forma de selecionar e organizar o conhecimento, também um modo de relação com o conhecimento e, sobretudo, exemplos de estratégias de qualidade que provocam no professor a necessidade da emissão de juízos responsáveis sobre sua tarefa, a necessidade do experimento e do debate.

Por outra parte, os materiais podem e devem ser reestruturados e adaptados por professores e professoras, segundo o particular contexto de trabalho. É como diz a professora entrevistada eu não me colocaria como criadora de nenhum material curricular, porque a gente acaba mesmo é adaptando.

Assim, a construção de matérias curriculares é uma relevante ferramenta na formação inicial e continuada de professores. Por tanto, estes devem ser pensados e desenvolvidos a partir das reflexões e decisões dos próprios professores, não se limitando as instruções de uso de determinados pacotes curriculares que já vêm prontos (Contreras, 1991 apud Peiró e Devís, 2001). Entretanto não podemos esquecer a necessidade de avaliação do impacto real dos materiais produzidos nas situações concretas de aula.

Na escolha e aplicação dos MC´s é necessário ousar, porém, sempre considerando todos os pressupostos que envolvem uma escolha, pois existem aqueles MC´s que trazem insegurança aos professores quanto a sua aplicabilidade simplesmente por serem pouco conhecidos. Mesmo para aqueles de grande tradição que produzem nos professores certa segurança quanto sua utilização, é necessária analisar seus pressupostos político-pedagógicos além de sua concordância com o currículo. Neste processo, deve-se ainda, atentar para a grande variedade de materiais procedentes de outros âmbitos ou da natureza que não são utilizados por falta de imaginação ou da, já citada anteriormente, carência de tempo e compromisso docente.

Segundo Martinez Bonafé (2002) o cuidado com a utilização do material editado é para a análise de sua estreita relação com a ideologia das atividades econômicas, pois a maior parte da indústria editorial está vinculada a poderosos grupos empresariais e financeiros, "diretamente relacionadas com a atividade econômica e cultural de controle e venda da informação e das redes de comunicação" (p.83).

O autor ainda nos alerta que

Em termos ideológicos, pode-se dizer que tais grupos mediáticos se inscrevem em um perfil sociológico de centro-direita ou que suas apostas sociais se marcam nos critérios da globalização neo-liberal (p.83).

No caso dos cursos de formação inicial, os materiais deveriam ser entendidos como ferramentas para a construção do conhecimento, atitude cooperativa e de promoção da atitude crítica. Isto deveria constituir uma exigência básica dos processos de formação, já que o estudante se socializa com materiais construídos com diferentes orientações e esta socialização influenciará, sem dúvida, em seu período profissional como docente (Martinez Gorroño, 2001). Para Bem-Peret (1988); Parcerisa (1996) e Remillard (2000) apud Peiró Velert (2001, p. 19 ) é
[...] necessário ajudar os futuros docentes a desenvolver habilidades para compreender, em toda sua extensão, os significados dos materiais curriculares, como analisá-los e utilizá-los para que possam, assim, tomar decisões informadas, adaptá-los as suas futuras situações docentes ou transformá-los e desenhar novas alternativas.

Mas em alguns momentos parece haver certo divórcio entre o campo de trabalho universitário e o campo de trabalho do professorado. Sendo que a convergência destes dois âmbitos é essencial para a melhora qualitativa do sistema educativo. No caso dos MC´s a Universidade deveria: fomentar a investigação e inovação, analisar periodicamente a qualidade dos editados e tornar públicas essas conclusões, além de oferecer vias de reflexão sobre o papel atual e futuro dos materiais (Parcerisa, 1999). O que para Martinez Bonafé (2002) não se trata de uma etiquetação de controle da qualidade ou prévia de autorização e sim a possibilidade de valorizar o papel do material e contribuir na sua melhor aplicação. E por outro lado, esse papel da Universidade, segundo o autor

[...] poderia também contemplar em seus programas de formação dos professores a avaliação do material curricular. E ampliar, no marco da formação permanente e a reprofissionalização, programas de investigação com professores, estudos etnográficos e seminários nos quais aprofundariam no desenho e a avaliação do material curricular(p.123).

Obs. As autoras Camila Silva de Aguiar; Paula Pereira Rotelli são bolsistas PIBIC/CNPq/UFU e a Dr. Dinah Vasconcellos Terra (dv.terra@terra.com.br) é professora da FEF/UFU

Referência bibliográfica

  • André, M. E. D. A. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus.1995.
  • Garcia Montes, Maria Elena. RUÍZ JUAN, Francisco. Recursos materiales y educación física. Importancia, concepciones de uso, funciones y factores a tener en cuenta para su utilización. In: Revista Tándem: Didáctica de la Educación Física. Barcelona: Editorial Graó. Nº 18, julio. 2005.
  • -Martínez Bonafé, Jaume. Políticas del libro de texto escolar. Madrid: Morata. 2002.
  • -Martínez Gorrono, Maria Eugênia. Currículum de Educación Física y características de los materiales curriculares. In: Revista Tándem: Didáctica de la Educación Física. Barcelona: Editorial Graó. Nº 4, julio. p. 7-17. 2001.
  • -Parcerisa, Aran. Materiales curriculares: Cómo elaborarlos, seleccionalos y usarlos. Barcelona: Editorial Graó. 1999.
  • -Peiró, Carmen Verlet. Materiais curriculares en educación física como colaboradores del proceso de enseñanza e aprendizaje. In: Revista Tándem: Didáctica de la Educación Física. Barcelona: Editorial Graó. Nº 4, julio. p. 19-32. 2001.
  • Velazquez Buendia, Roberto. Hojas de registro, aprendizaje cooperativo e iniciación deportiva. In: Revista Tándem: Didáctica de la Educación Física. Barcelona: Editorial Graó. Nº 4, julio. p. 45-59. 2001.