Resumo
Equações de predição têm sido amplamente utilizadas na determinação indireta do consumo máximo de oxigênio (VO2max), pois podem avaliar um grande número de pessoas com baixo custo e, na maioria das vezes, chegando próximo à especificidade de algumas modalidades esportivas. Contudo, sabendo-se que o VO2max pode ser influenciado por diversos fatores ambientais e genéticos, a validade destas equações em estimar o VO2max de brasileiros jovens deve ser melhor estudada. A presente dissertação integra dois estudos realizados com jovens estudantes fisicamente ativos. O objetivo do primeiro estudo foi analisar a validade da equação proposta por Cureton et al. (1995) em estimar o VO2max dos participantes a partir do teste de corrida de 1600m, além de sugerir e verificar a validade de uma nova equação de predição específica para brasileiros fisicamente ativos, a partir do desempenho no mesmo teste. O segundo estudo examinou a possível influência do polimorfismo I/D do gene da enzima conversora de angiotensina (ECA) sobre a determinação direta e indireta do VO2max nestes participantes. Foram recrutados, para o estudo I, trinta homens jovens e fisicamente ativos que realizaram um teste de corrida de 1600m e um teste incremental (TI) ergoespirométrico em esteira com análise de gases expirados para determinação direta do VO2max. Os participantes foram divididos em dois grupos (G1 e G2), sendo que no G1 a nova equação foi gerada (Regressão linear simples entre VO2max e velocidade média em 1600m 1600Vm) enquanto que a validade foi analisada no G2. Quando aplicada nos resultados do G2, ANOVA One Way revelou não haver diferença estatística entre o VO2max obtido pela equação de predição gerada no G1 [VO2max=(0,177*1600Vm) +8,101] com os valores do TI (50,1+7,2 mL.kg-1.min-1 vs 50,1+7,1 mL.kg-1.min-1), apresentando alta correlação entre si (r=0,81). Entretanto, a equação de Cureton et al (1995) [VO2peak = -8,41(MRW) + 0,34 (MRW) 2 + 0,21 (Age x Gender) -0,84 (BMI) + 108,94] (44,2+6,5 mL.kg-1.min-1) mostrou-se diferente do TI bem como dos valores obtidos com a nova equação proposta (P<0,05). A análise de concordância entre os métodos foi analisada pela técnica de Bland & Altman. A partir desta nova equação, 57 participantes integraram o Estudo II e realizaram os mesmos procedimentos metodológicos, contudo tiveram seu DNA extraído e foram genotipados para o polimorfismo I/D do gene da ECA. Assim, os participantes foram separados em três grupos diferentes, de acordo com os genótipos do gene da ECA (DD ID II). Os resultados revelaram valores significativamente mais baixos de VO2max para indivíduos DD quando comparados com os indivíduos ID e II (45,6 +1,81 mL.kg-1.min-1) (51,9 +0,79 mL.kg-1.min-1) e54,4+0,96 mL.kg-1.min-1) respectivamente (P<0,01). Quando comparados o VO2max obtido no TI e o estimado pela equação gerada no Estudo I, para cada grupo específico, não foram observadas diferenças estatísticas intra-grupos. Portanto, a equação que foi gerada no Estudo I foi considerada válida para estimar o VO2max de indivíduos jovens fisicamente ativos através do teste de corrida em 1600m. Apesar do polimorfismo I/D do gene da ECA poder influenciar os valores de VO2max bem como o desempenho em provas de média distância (1600m), a precisão da equação proposta para predição do VO2max não sofreu interferência do polimorfismo I/D do gene da ECA.