Conteúdo Telomérico e Marcadores de Obesidade Central em Mulheres com Síndrome dos Ovários Policístico Submetidas Ao Treinamento Resistido
Por Gislaine Satyko Kogure (Autor), Cristiana Libardi Miranda Furtado (Autor), Victor Barbosa Ribeiro (Autor), Daiana Cristina Chielli Pedroso (Autor), Iris Palma Lopes (Autor), Rui Alberto Ferriani (Autor), Rosana Maria dos Reis (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: Os telômeros são complexos DNA-proteína encontrados nas extremidades dos cromossomos lineares, que os protegem da degradação e são responsáveis por manter a estabilidade genômica, sendo um importante biomarcador de senescência celular. O encurtamento progressivo dos telômeros está associado a uma série de doenças caracterizadas pelo aumento do estresse oxidativo e inflamação crônica como a obesidade e a resistência a insulina, fatores marcantes no fenótipo da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), resultantes dos altos níveis de insulina e do hiperandrogenismo prevalentes na doença. O exercício físico tem sido recomendado com primeira linha de tratamento para essas mulheres, associado à melhora das alterações metabólicas da síndrome, incluindo a obesidade central, podendo influenciar positivamente a regulação do conteúdo telomérico. Objetivo: Explorar as respostas nos indicadores antropométricos de obesidade (IAO) em mulheres em idade reprodutiva com e sem SOP com treinamento resistido progressivo (TRP), e verificar a relação com o conteúdo telomérico no grupo SOP. Desenho: Ensaio clínico, não randomizado, terapêutico, aberto e de braço único. Métodos: 45 mulheres com SOP e 52 mulheres com ciclos ovulatórios regulares (grupo controle - CG), sedentárias, com idade entre 18 a 37 anos e IMC entre 18 - 39,9 Kg/m2 receberam TRP através de uma periodização linear três vezes por semana durante quatro meses. Pré- e pós-intervenção foram mensurados os IAO: circunferência da cintura (CC), circunferência abdominal (CAbd), relação cintura-quadril (RCQ), relação cintura-estatura (RCest) e índice de conicidade (Índice C). Foram realizadas dosagens séricas dos andrógenos, homocisteína, insulina e glicose em jejum. O conteúdo telomérico foi avaliado pela técnica PCR quantitativo em tempo real (qPCR). Para a análise dos dados foi utilizado uma regressão linear de efeitos mistos ajustado para idade, IMC e modelo de avaliação da homeostase da resistência à insulina (HOMA-IR) e o coeficiente de correlação de Spearman, através do programa SAS® 9.0 (SAS Institute Inc., Universidade da Carolina do Norte, NC, EUA). Nível de significância P<0.05. Resultados: Após o TRP, não foram observadas diferenças no conteúdo telomérico dentro dos grupos. A CC, a RCest e o Índice C reduziram no grupo SOP em comparação aos valores basais e a Cabd reduziu entre e dentro de grupos (Tabela). Não foram observadas no grupo SOP relações entre as alterações nos IAO e o conteúdo do telômero no momento basal (CC r -0.17 p=0.28; CAbd r -0.03 p=0.84; RCQ r -0.16 p=0.31; RCest r -0.17 p=0.28; Índice C r -0.15 p=0.34), bem como com as alterações nos IAO e no conteúdo do telômero após intervenção (CC r -0.13 p=0.43; CAbd r 0.04 p=0.78; RCQ r 0.01 p=0.94; RCest r - 0.13 p=0.42; Índice C r -0.02 p=0.88). Conclusão: Os dados sugerem que o TRP melhora a obesidade central medida por antropometria em mulheres com SOP, sem alteração no conteúdo do telômero. Embora, o comprimento do telômero não esteve associado as mudanças nos parâmetros de obesidade, a avaliação do conteúdo telomérico pode fornecer informações adicionais sobre caminhos que levam à adiposidade central em mulheres com SOP.