Resumo

O taekwondo é uma modalidade esportiva de combate (MEC) olímpica de característica intermitente (Bridge et al. 2013), com predominância aeróbia, mas participação elevada do metabolismo alático em ações determinantes do êxito competitivo (Campos et al. 2012). Em simulações de combate da modalidade, os metabolismos aeróbio, anaeróbio alático e anaeróbio lático são responsáveis pelo fornecimento de 66 ± 6%, 30 ± 6% e 4 ± 2% da energia total requerida (Campos et al. 2012). Por sua vez, a periodização do treinamento desportivo inclui período destinado a preparação física especial, que tem por objetivo a realização de exercícios em condições semelhantes às de uma competição, considerando a especificidade biomecânica e fisiológica. Em diferentes MECs, utilizam-se protocolos baseados na análise de tempo e movimento (ATM) com intuito de mimetizar as demandas encontradas em combates, os quais reportam respostas metabólicas, hormonais, cardiovasculares e neuromusculares distintas no taekwondo (Bridge et al. 2013) e semelhantes no kickboxing (Ouergui et al. 2015) induzidas por protocolos específicos. Porém, informações sobre a contribuição dos três sistemas energéticos em modelos de exercício intermitente de alta intensidade (EIAI) para condicionamento metabólico com gestos específicos das MECs são escassas (Franchini et al. 2008; Lopes-Silva et al. 2015).
O objetivo do presente estudo foi mensurar a demanda fisiológica, em especial a contribuição dos sistemas energéticos em modelos de exercício intermitente de alta intensidade (EIAI) com gestos específicos do taekwondo.
A amostra foi composta por dez sujeitos do sexo masculino com idade média de 20,2 ± 4 anos, massa corporal de 62,8 ± 10,5 kg e estatura de 170,6 ± 7,8 cm, todos faixas pretas de taekwondo WTF e tempo total de prática de 11,8 ± 5,4 anos. Os indivíduos realizavam três protocolos distintos de EIAI, denominados de 15:10:5, TKDtest100 e 35:5, todos compostos por três rounds de dois minutos, com um minuto de recuperação entre os mesmos (3x2’:1’), porém, com relação esforço:recuperação distintas. Respeitava-se intervalo mínimo de 48 horas entre os protocolos. A contribuição energética dos metabolismos aeróbio, alático e lático foi estimada através do consumo de oxigênio, do excesso de consumo de oxigênio pós exercício e do pico de lactato sanguíneo após cada round, respectivamente.
As contribuições relativas médias dos metabolismos aeróbio, alático e lático foram de 49 ± 4,7, 44,5 ± 5,2 e 6,5 ± 0,8 vs 52,4 ± 4, 43,2 ± 0,8, 4,4 ± 4,3 vs 46,3 ± 5,5, 5 ± 1,6 e 48,7 ± 6,4, no 15:10:5, TKDtest100 e 35:5, respectivamente. Na média dos três rounds, o TKDtest100 obteve maior contribuição absoluta e relativa do metabolismo aeróbio e menor contribuição relativa alática que o 35:5.
Em conclusão, indica-se que protocolos de treino específicos com característica temporal semelhante aos combates induz elevada participação dos metabolismos aeróbio e alático para produção de energia.

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