Contribuição Percentual dos Tempos Parciais da Saída na Natação na Composição do Tempo Total em 15 Metros
Por Graziela Aveline Silveira (Autor).
Integra
INTRODUÇÃO:
Na Natação, a performance é determinada pelo menor tempo em que o nadador percorre certa distância, podendo ser decomposto em: tempo de saída, tempo de nado, tempo de viradas e tempo de chegada. A saída, segundo Cossor e Mason (2001), pode representar de 0.8% a 26.1% do tempo total de uma prova conforme sua distância. O tempo total de saída é considerado no instante em que o nadador atinge os 15 metros iniciais da prova (COSSOR e MASON, 2001; HALJAND, 1998; ISSURIN e VERBITSKY, 2002; PEREIRA; ARAUJO; ROESLER, 2002; SCHNABEL e KÜCHLER, 1998). A saída é composta basicamente por duas etapas: a primeira, aérea e anterior à entrada do nadador na água; e a segunda, na qual o nadador permanece submerso e avança para o início do nado. Este estudo teve por objetivo identificar a contribuição percentual das fases de bloco e de vôo (componentes da primeira etapa da saída) e das fases submersa e de nado (componentes da segunda etapa da saída) para a composição do tempo total de saída em 15 metros.
METODOLOGIA:
A amostra foi composta por 4 nadadores de níveis estadual e nacional, integrantes da equipe de natação do Clube Doze de Agosto de Florianópolis, Santa Catarina, federados junto à Federação Aquática de Santa Catarina (FASC). Os dados temporais foram obtidos através de cinemetria. Para a aquisição dos dados cinemáticos foram utilizadas três câmeras de vídeo do tipo VHS (f=30Hz). As câmeras foram denominadas e posicionadas da seguinte forma: câmera 1, posicionada fora da água, na borda lateral em relação ao bloco de partida, possibilitando a identificação das variáveis tempo de bloco (TB) e tempo de vôo (TV); câmera 2, acoplada a uma caixa-estanque, posicionada dentro da água, possibilitando a obtenção da variável tempo da fase submersa (TFS) e do tempo de início do nado, utilizado para a obtenção indireta da variável tempo de nado (TN); e câmera 3, posicionada fora da água com vista lateral direita da piscina, para obtenção da variável tempo total de saída em 15 metros (T15m). Para sincronizar o sinal de partida à cinemetria foi utilizado um equipamento sincronizador de sinais. A coleta de dados foi realizada nas dependências da piscina do Clube Doze de Agosto (Florianópolis/SC). Cada nadador executou 6 saídas, com procedimentos idênticos aos de uma competição. Para apresentação dos dados foi utilizada a estatística descritiva, através da identificação de valores percentuais.
RESULTADOS:
Observou-se que, em média: o tempo de bloco representa 12,15% do T15m; o tempo de vôo representa 4,86% do T15m; o tempo da fase submersa representa 31,33% do T15m; e o tempo de nado representa 51,66% do T15m. Percentualmente, as fases da saída posteriores à entrada na água têm maior participação na composição do tempo total de saída do que a fases anteriores à entrada na água. As médias percentuais de TFS e TN, somadas, representam cerca de 83% do tempo total de saída em 15 metros. Sugere-se, a partir desta observação, que as ações realizadas na etapa que se sucede após a entrada na água têm grande importância na composição da performance de saída. Vilas-Boas et al. (2000) afirmam que as vantagens de um nadador sobre o outro na fase anterior à entrada na água tendem a desaparecer quando da realização das ações submersas e de nado.
CONCLUSÕES:
A etapa da saída que se sucede após a entrada na água tem uma representatividade percentual considerável em relação ao tempo total em 15 metros. As análises das saídas não devem, portanto, restringir-se à observação das fases anteriores à entrada na água (o que ocorre na grande maioria dos casos), mas sim contemplar o nado submerso, as ações de transição para o nado e o nado sobre a água, que se caracterizam como fases importantes a serem consideradas para a determinação de parâmetros de performance das saídas na natação.