Contribuição da Percepção Háptica no Controle Postural: Uma Análise Qualitativa da Trajetória de Retratos de Fase
Por Tatiane Calve (Autor), Eliane Mauerberg de Castro (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
O presente estudo teve como objetivo avaliar a contribuição da percepção háptica
através do sistema âncora (MAUERBERG-DECASTRO, 2004) durante tarefas de controle
postural em uma superfície restrita (i.e., trave de equilíbrio). O sistema âncora consiste
na manipulação de dois cabos flexíveis com pesos atados em suas extremidades que
sempre devem ficar em contato com o solo. Participaram do estudo 90 crianças (30
de 5 anos, 30 de 6 anos e 30 de 7 anos de idade). Cada grupo de 30 crianças foi
dividido randomicamente em 3 grupos, sendo um grupo controle (sem âncoras) e
dois grupos experimentais, com âncoras de 125g e 500g. Cada participante realizou
um total de 6 tentativas na tarefa de andar sobre uma trave de equilíbrio sem o uso
da visão. Foram usadas duas câmeras de vídeo e as imagens foram processadas pelo
programa Dvideow. Os parâmetros de deslocamento angular e velocidade angular
do tronco no plano sagital dos participantes foram plotados em retratos de fase
com o objetivo de analisar a amplitude das trajetórias e, qualitativamente, inferir
sobre níveis de estabilidade do padrão de locomoção entre os grupos controle e
experimental dos diferentes grupos de idades. Órbitas repetitivas ou coincidentes e
com linhas suaves nas trajetórias indicam uma maior estabilidade do tronco durante
a marcha. As trajetórias dos retratos de fase da condição controle (sem âncora)
apresentam uma instabilidade maior (i.e., amplas órbitas nos espaços de fase e
irregularidade no padrão gráfico) do que nas condições onde o sistema âncora foi
manipulado durante a marcha. Os grupos experimentais de 125g e 500g foram
caracterizados por retratos de fase com trajetórias pendulares e regulares ao longo
dos ciclos. Os picos de oscilação máxima entre tarefas no plano sagital em cada ciclo
de passada também foram reduzidos nas tarefas com o sistema âncora. Destacamos
que a reduzida amplitude nas trajetórias dos retratos de fase indicam oscilações
menores para o grupo experimental de 500 g em relação ao grupo experimental de
125 g e grupo controle. A perda de equilíbrio desloca balisticamente a trajetória
nestes retratos de fase. Através da percepção háptica, o sistema âncora proporcionou
melhora no controle postural em tarefas de locomoção em superfície restrita,
especialmente nos grupos de 6 e 7 anos. O grupo de cinco anos, embora tenha sido
favorecido pela manipulação do sistema âncora, mostrou maior instabilidade que
seus pares mais velhos