Resumo

Este estudo objetivou investigar a relação entre controle motor, dor e depressão em mulheres com síndrome de fibromialgia (SFM). Participaram desta pesquisa 28 mulheres com idade média de 47 anos e diagnóstico clínico de SFM. Para a caracterização da amostra foi utilizado o Questionário Sócio-demográfico e Clínico (KONRAD, 2005) adaptado para esta pesquisa. A avaliação das características da dor foi feita por meio dos itens III e IV do Questionário McGill de Dor adaptado por Castro (1999). O Inventário de Depressão de Beck (BECK, RUSH e SHAW, 1961) foi utilizado para mensurar a percepção de sintomas depressivos. O controle motor foi avaliado por meio do Software de avaliação da aprendizagem e controle de habilidades motoras finas (ANDRADE et al., 2003) e do Software de avaliação do tempo de reação (ANDRADE et al., 2002). Os dados foram tratados com estatística descritiva (média, freqüência e desvio padrão) e inferencial (correlação de Pearson e Spearman e teste de Mann- Whitney). Foram encontradas correlações positivas entre a percepção de sintomas depressivos e a percepção geral da dor (r= 0,530, p=0,004) e entre a percepção de sintomas depressivos e as dimensões da dor: afetiva (r=0,649, p<0,001), subjetiva (r=0,529, p=0,004) e mista (r=0,431, p=0,022). Identificou-se correlação positiva entre a avaliação sensorial da dor e a quantidade de erro apresentada pelas participantes na última subtarefa do teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas (r=0,383, p=0,044). As mulheres que queixaram-se de dor durante a avaliação do controle de habilidades motoras finas apresentaram resultados significativamente piores nas três subtarefas do teste, se comparadas aquelas que não relataram dor (1ª. subtarefa, p= 0,004; 2ª. subtarefa, p=0,037 e 3ª. subtarefa, p=0,001). Verificou-se correlações positivas entre a percepção de sintomas depressivos e o desempenho no TR simples com estímulo visual (r=0,527, p=0,004), no TR simples com estímulo auditivo ( r=0,604, p=0,001) e no TR de discriminação (r=0,419, p=0,026). Não ocorreu correlação significativa entre a percepção de sintomas depressivos e o desempenho nas habilidades motoras finas. Tais resultados indicam que os sintomas de dor e depressão podem comprometer o controle motor de mulheres fibromiálgicas de diferentes maneiras: os sintomas depressivos podem estar associados à diminuição da velocidade do processamento de informação, enquanto a sensação de dor pode comprometer o desempenho de mulheres com SFM em habilidades motoras finas.