Resumo
A prática esportiva modifica o controle postural, registrado através das oscilações corporais na postura ereta sobre uma plataforma de força, técnica conhecida como estabilometria? A presente tese apresenta dois estudos com objetivo de avaliar a associação dos esportes no equilíbrio corporal de atletas. No estudo 1 foi realizada uma revisão sistemática da literatura até dezembro de 2021, nas bases de dados: PubMed, SciELO e SCOPUS. As buscas resultaram em 1.262 estudos, dos quais 287 duplicatas foram eliminadas e, aplicando os critérios de inclusão e exclusão, 30 estudos foram incluídos para síntese final. Foram identificadas 22 modalidades esportivas, sendo 8 coletivas e 14 individuais. Os estudos foram categorizados em três grupos distintos: (1) comparação atletas e grupo controle – 14 estudos; (2) comparação em intervenções pré x pós-treinamento – 11 estudos, e; (3) comparação entre atletas de diferentes modalidades esportivas – 5 estudos. Os resultados da revisão mostraram uma grande variabilidade nos objetivos de cada estudo, com diferentes protocolos e instrumentos de avaliação do equilíbrio corporal, além da diversidade de modalidades esportivas. Parte disso se deve pela ausência de protocolo padrão para avaliar o controle postural de atletas e, principalmente, que esse debate aplicado na prática esportiva ainda parece ser muito recente. Em resumo, parece que, na maioria dos estudos, atletas apresentaram melhor equilíbrio estático do que indivíduos não treinados e a atletas de níveis inferiores. Com relação à comparação entre esportes de diferentes modalidades, os poucos estudos demonstraram diferença significativa entre modalidades, com alguns resultados semelhantes, mas que as tarefas posturais com maiores dificuldades posturais parecem ocasionar maior instabilidade postural do que as condições mais estáveis. No estudo 2 foram comparadas as variáveis estabilométricas de 38 atletas de alto-rendimento do Chile, de ambos os sexos (32 homens e 6 mulheres), com idade entre 16 e 34 anos, das modalidades futsal, handebol, judô, pentatlo moderno, rugby, triatlo e voleibol de praia, que foram distribuídos em 2 grupos: esportes coletivos (EC) – 26 atletas, e, esportes individuais (EI) – 16 atletas, a fim de verificar se as práticas esportivas (coletivas ou individuais) poderiam modificar o controle do equilíbrio corporal. Os atletas foram avaliados na postural bipodal (com olhos abertos e fechados) e na posição unipodal direita e esquerda, por meio de uma plataforma de força KFORCE, durante 30s em cada condição. Foram analisadas as variáveis: área, velocidade e amplitude das oscilações corporais. Os resultados mostraram que (1) o grupo de atletas dos EI apresentou menores oscilações posturais em relação aos atletas dos EC; (2) as condições unipodais (dir/esq) impactaram mais o equilíbrio postural do que as tarefas bipodais e (3) as maiores diferenças entre os grupos aconteceram nas tarefas unipodais. Em conclusão, parece que os efeitos de longo-prazo dos EI no controle postural em atletas de elite foram mais positivos do que os EC, principalmente nas tarefas unipodais mais desafiadoras. Esses resultados podem ter implicações para os protocolos de avaliação e de treinamento do equilíbrio nos esportes.