Sobre
Carta Aberta à Sociedade
Há tempos o futebol deixou de ser somente uma saudável prática esportiva. Muitas vezes, no lugar do espírito esportivo, são impostos à organização desse esporte uma série de interesses econômicos e políticos. Futebol virou mercadoria e sua finalidade, o lucro. A entidade máxima do futebol mundial, a FIFA, tem como verdadeiro objetivo aumentar seu já milionário patrimônio. Uma série de escândalos tornou pública a forma corrupta como essa entidade age. É nesse contexto que o Brasil vai sediar a Copa de 2014. Com superpoderes, a FIFA impôs uma série de requisitos para serem cumpridos. Essas exigências compõem a rentabilidade que a entidade e suas empresas parceiras terão com a realização do evento. Na prática, não deixarão nenhum legado social positivo. Pelo contrário, fatos históricos (por exemplo, a Copa do Mundo na África do Sul) apontam para outra direção.
Nós, cidadãos e cidadãs, que trabalhamos e pagamos impostos, perguntamos: é justo uma entidade corrupta ditar o quê o país deve fazer? Deve o Estado brasileiro se submeter aos seus ditames? Vale gastar tantos recursos públicos em um evento que dura apenas um mês? Fica cada vez mais evidente que quem ganhará com a realização da Copa é o setor imobiliário; as incorporadoras e as empreiteiras lucrarão com as obras e serviços a serem realizados e com a especulação imobiliária. Através de seu poder econômico e político, esses setores pressionam o Estado para usufruir de enormes somas de dinheiro público em benefício próprio. Observamos a repetição de histórias trágicas: superfaturamentos, falta de transparência, agressões aos direitos humanos, repressão aos pobres, despejos forçados e desrespeito com a população em geral.