Resumo

Introdução: O Boia Cross, modalidade aquática praticada em meio à natureza, assim como outras práticas corporais de aventura, se apresenta como parte de uma cultura permeada por interpretações, apropriações e transformações da experimentação estética e da aventura como elemento constitutivo de um modo de vida particular. Assim, discutir outras possibilidades de entender as práticas corporais fora do conceito e da lógica esportiva constitui um desafio para a pesquisa acadêmica. Objetivo: Problematizar a articulação entre corpo, cultura e natureza a partir de uma vivência com o Boia Cross. Metodologia: A pesquisa qualitativa e exploratória contou com a observação participante de 30 alunos de Educação Física numa aula prática e uma roda de conversa com um grupo de 12 pessoas que frequentam o mesmo ambiente (rio Claro, Paciência e Coxipozinho) como forma de lazer nos finais de semana. Resultados: Nos lugares onde essa prática ocorre, o rio é efetivamente apropriado pelas culturas locais e pelos visitantes de formas diferentes, sendo necessário respeitar determinadas áreas como da comunidade local para a prática do lazer desinteressado e outras como áreas de transição, onde as empresas comercializam as emoções. Muitos nativos das localidades próximas exercem poder ao se considerarem proprietários da área (estabelecidos) e veem os demais praticantes como “invasores” de seus espaços (outsiders). Conclusão: A transformação sofrida pelas práticas corporais induziu à criação de espaços destinados a veiculação de valores próprios da comunidade e, também, a venda de produtos de toda ordem decorrentes de sua massificação. Assim, é possível afirmar que existe um corpo fabricado e direcionado à comercialização das práticas, mas, este é permeado por processos de exclusão que marcam as interações humanas na natureza.

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