Resumo
Essa pesquisa se desenvolve no campo da Educação atravessada pela dança na perspectiva Pós-Estruturalista, com as filosofias da diferença de Gilles Deleuze e Michel Foucault. Com isso, trato de um movimento infinito que pode se dar entre a educação e criação de corpos para a constituição de si, como possibilidade de educar a si mesmo nos instantes de uma vida dançante. Tendo como problema: Como viver a constituição de diferentes intensidades corpóreas, em uma materialidade corporal, quando muito do que se aprende é para se tornar um corpo fixo, estável, docilizado para determinadas práticas, representações no pensamento? A partir disso se traçou o objetivo de compor o conceito “corpo a dançar”, para dar conta de questões que emergem entre a educação e criação de corpos, entre sujeitos e subjetivações, entre mensuráveis e imensuráveis, entre representações e acontecimentos... A escolha dos autores se deu por buscar em Michel Foucault, o corpo como superfície de inscrição dos acontecimentos, e também um corpo docilizado por diferentes práticas, para assim tratar de uma experiência de si. Com Gilles Deleuze, busco o acontecimento como resultante dos corpos e de suas ações, aquele que força a pensar nos encontros que se dão nos “entres” - criação. Os conceitos utilizados mais operantes são “Criação” e “Entre”, de Deleuze, ambos atravessados pelos conceitos: acontecimento, devir, pensar, imaginação, encontro, multiplicidade... Utilizei o que chamo de Método Coreográfico, que é desenvolvido no campo da dança, de modo singular por cada coreógrafo. Para isso coreografo intercessores que no encontro com o pensamento colocam este a pensar, constituindo um texto coreografia. Os intercessores são: 1) Ação dançante: “Não venha me assistir”; 2) A dança como possibilidade de pensar movimentos (texto criado para essa dissertação); 3) O conceito de experiência de si, de Foucault; 4) Os conceitos Criação e Acontecimento, de Deleuze; 5) A obra “Empirismo e Subjetividade: Ensaio sobre a natureza humana segundo Hume”, de Deleuze (com o “entre” e o “encontro”); 6) O conceito de Conceito e Plano de Imanência, da obra “O que é Filosofia”, de Deleuze e Félix Guatarri; 7) Corpo Serial, de Sanchotene; 8) A Educação como modo de docilização dos corpos e, também, como as possibilidades de criação, problematizando o corpo que se torna e o corpo que se vem a ser. Com isso é possível dizer que o “corpo a dançar” não é visível, palpável, quantificável, identificável, não se pode classificá-lo, representá-lo, aprendê-lo. O “corpo a dançar” não acaba com a educação de corpos, pois é nos próprios corpos educados que os encontros, o ato de pensar, o acontecimento, o movimento produzem vazamentos... Essas são algumas condições em que o “corpo a dançar” pode se dar como acontecimento. O que se pode afirmar é que ele se dá no “entre”, como condição para o vir a ser de muitos corpos, para a criação, para produzir diferença, para manter o movimento infinito, para colocar o pensamento a dançar, seja no campo da educação ou no campo da dança.