Sobre
APRESENTAÇÃO
Exercito as primeiras palavras alertando: mais do que uma infraestrutura ou um espaço físico, a academia constitui-se como um lócus de inúmeras vidas construídas social e culturamente. Assim, questiona-se: até que ponto as experiências e vivências corporais nesses locais atrelam-se às condições (macro)estruturais da nossa sociedade? Será que as academias devem ser pensadas como um “mundo à parte” da realidade cotidiana? Em outra oportunidade, respondi essa indagação com a ideia de que tais estabelecimentos podem ser considerados espaços de extensão da vida social dos seus frequentadores (SILVA, 2017). Investigar o corpo e as práticas corporais nesses estabelecimentos significa entender, em parte, como dados grupos sociais pensam, sentem e agem durante a vida cotidiana. As academias caracterizam-se por espaços em que as pessoas, ao se exercitarem, compartilham ou ressignificam as suas crenças, normas, valores e representações sobre si e acerca dos Outros. Exercitar-se em academias configura-se, portanto, por um ato simbólico e relacional que evidencia particulares visões de mundo. Logo, a leitura dessa coletânea pode ser decisiva e instigante para aquelas pessoas que gerenciam ou ministram atividades e aulas em academias já que permite ampliar a compreensão histórica e sociocultural acerca do corpo e das práticas corporais. Os capítulos da presente obra podem ser proveitosos e provocativos para estudantes e pesquisadores(as) de diferentes campos de saber que se interessam pelas questões voltadas ao corpo e às práticas corporais, ou ainda, pelos aspectos sócioespaciais que atravessam esses tipos de estabelecimentos. Acrescento ainda que os textos aqui reunidos sensibilizam e desafiam aquelas pessoas que consomem ou frequentam as academias ao afetar, possivelmente, as suas relações com os demais que se exercitam nesses espaços. Nesse sentido, Corpo e práticas corporais em academias de ginástica objetiva apresentar diferentes possibilidades de analisar o corpo e as práticas corporais nas academias de ginástica por meio de distintas perspectivas teórico-metodológicas das Ciências Humanas e Sociais. O livro em tela foi composto por 18 capítulos, a saber. O primeiro capítulo, “Concepções de corpo nas academias de ginástica: uma revisão de escopo”, escrito por João Vitor Cruz, Mayara Brito Batista e Rogério Cruz de Oliveira, abre a presente coletânea apresentando um mapeamento da recente produção do conhecimento sobre esses espaços.