Resumo
Corpo, Fenômeno e Manifestação: Performance é uma pesquisa em Poéticas Visuais onde convergem questões de um processo artístico de performance, respaldado por uma prática intensa na dança, experimentações, apresentações, leituras filosóficas e reflexões. Dessa confluência de fatores originou-se a produção textual que investiga e traz à tona as questões do corpo enquanto fenômeno e manifestação na arte da performance. As performances feitas, no decorrer do processo de pesquisa, bem como a observação de performances de outros artistas e estudos sobre teorias da arte, propiciaram o embasamento para a escrita. Puderam ser observados procedimentos operatórios similares, que me levaram a diferentes configurações, em distintas circunstâncias. Por exemplo, a toda performance apresentada foi fundamental o trabalho perceptivo corporal envolvendo todas as articulações de meu corpo, bem como sua musculatura; nesse sentido podia me assegurar que um ser sensível e responsivo surgisse para a atuação, que estivesse ali – o ser -, em pleno domínio de seu estado de presença. A tal procedimento deu-se o nome de corpo percepcionado. A preparação do ambiente, onde a ação performática seria realizada, isto é, o ambiente que receberia o meu corpo, também passou a fazer parte de um regramento para atuar. A esse procedimento chamei espaço preparado. Ao espaço preparado se trouxe a luz, elemento que passou a gerar influência sobre minha poética e sobre a estética que se fazia surgir. O corpo vivo, na performance, é elemento plástico; sua presença interfere no espaço. Percebi que a luz intensificava o lugar do espaço e o lugar do corpo que se pretendia em evidência; era um desencadeador perceptivo. Uma via dupla se estabelecia, entre a ação do corpo e o olho do receptor, através dos recortes de luz no espaço e no corpo, durante as ações realizadas. O corpo, no que lhe cabia, operava o procedimento de reunir as informações colhidas e os elementos trazidos, a cada performance realizada. Nessa questão se estabeleceu a proposta de uma dialética entre corpo e espaço; enquanto isso, no corpo, sínteses se pronunciavam e determinavam a configuração apresentada. Cheguei à conclusão que é justamente assim – em plena percepção de suas possibilidades de ação sensorial e motora, e na preparação e apropriação do ambiente imediato que o circunda - que meu corpo, em sua temporalidade, assume o espaço e, juntamente com suas memórias – e grande parcela de intencionalidade – configura uma aparência. Mais do que na aparência, centra-se o objeto do presente estudo na questão do fenômeno; do que permite o corpo fenomenal engendrar uma manifestação. Palavras-chave: percepção, corpo, espaço, ação, configuração, performance.