Resumo
Quem vive no Rio de Janeiro, observa um crescente número de crianças e adolescentes, em idade em que , legalmente deveriam estar na escola, mas que ganham o sustento nas ruas, alguns na delinqüência ou prostituição. Levantaram-se os fatos que produzem tal situação: migração interna, baixos salários, crescimento de favelas e conjuntos populares e, sobretudo, reprovação e evasão escolar, o que acarreta uma deficiência social, pela incapacidade de reverter a miséria pessoal. Analisando-se fatores histórico-culturais, questiona-se a possível interferência da mentalidade dualística, existente entre nós, e fundamenta-se o estudo, de tipo filosófico, na teoria de ASMANN (1994): "a corporeidade é a única via válida para a construção de uma teoria pedagógica válida," buscando responder a duas questões básicas que possibilitem contribuir para um maior entendimento dos conceitos de corpo e movimento em nossa cultura, bem como sua utilização na elaboração pedagógica, sobretudo quando se lida com deficientes sociais ou crianças em risco de virem a sê-lo. Revendo os conceitos de homem, corpo e educação, nas diferentes culturas desde a pré-história aos dias atuais, apoiado na antropologia e filosofia, mostra-se a origem do dualismo ainda dominante em nosso meio, conceito este hoje superado pelo unicismo, onde se pode encontrar, pela corporeidade, elementos que fundamentem o uso da corporeidade e motricidade na pedagogia. Apoiado na Aptidão Total, como elemento integrador, e, a partir da teoria das múltiplas inteligências, do valor do símbolo, que se projeta, numa visão motora, no jogo, constata-se que é possível a utilização da ciência da motricidade, para confirmar a visão assmaniana. Conclui-se recomendando a utilização da motricidade como via pedagógica, não só nas crianças que estão na rua, mas nas populações infantis de risco e sugere-se que seja feita uma revisão nos cursos de formação de professores, para introduzir a motricidade no curriculum, criando condições de combate a pedagogia da reprovação, hoje dominante