Corpo negro, currículo e educação física: uma análise fanoniana sobre a construção da identidade negra
Por Thiago Batista Costa (Autor), Mônica Caldas Ehrenberg (Autor).
Resumo
A escola é o primeiro lugar onde a pessoa negra é afetada sistematicamente pelo racismo, e essa alienação ocorre em primeiro lugar em seu corpo, antes mesmo de afetar sua história e cultura. Assim, o corpo se torna uma peça importante dentro de um jogo de dominação e submissões presente em toda a rede social, que o torna depositário de marcas e de sinais, que nele se inscrevem de acordo com as efetividades desses embates, que por sua vez têm na corporalidade seu campo de disputa. Cabe destacar, nesse sentido, que, a escola não é o único espaço sistematizado de construção dos sujeitos, porém, não podemos subestimar seu papel dentro desse jogo de submissões e dominação no processo de produção de identidades. Destarte, a presente pesquisa dedica-se a analisar os currículos da Educação Física, a fim de investigar a ação que o mesmo exerce nos estudantes negros dos anos finais do Ensino Fundamental II e Médio de escolas Públicas de São Paulo, quanto ao processo de construção/reconstrução de suas identidades, sobretudo das questões que se relacionam ao corpo negro e das relações étnicas raciais. Colocar-se-á em pauta os saberes que circunscrevem o corpo negro, sobretudo ao que se refere a experiência vivida do negro brasileiro, a luz do pensamento de Frantz Fanon. Do mesmo modo, colocar-se-á em pauta os saberes dos currículos crítico e pós-crítico da educação e da Educação Física, dando conta assim da primeira etapa teórico-analítica. Enquanto segunda etapa, pretende-se realizar uma pesquisa empírica (qualitativa), que será constituída da análise de observações das práticas pedagógicas, dos grupos de discussões e entrevistas semiestruturadas dos estudantes afetados pelos currículos da Educação Física.