Resumo

O presente estudo tem como objetivo identificar o conceito de corpo presente
nos discursos de professores de Educação Física que atuam em escolas
particulares do Ensino Fundamental da cidade de Piracicaba-SP, tendo em
vista cotejar esses discursos com os conceitos elaborados sobre o tema
corporeidade. Para tal foi elaborada, em primeiro lugar, uma pesquisa
bibliográfica sobre o fenômeno Corporeidade a partir de teorias e perspectivas
do pensamento cientifico contemporâneo, na qual foi abordada uma concepção
humanizadora de corpo, livre das idéias mecanicistas e dualistas impostas pelo
paradigma cartesiano. Posteriormente foi realizada uma pesquisa de campo
embasada por critérios qualitativos, sendo os dados retirados das respostas
dos professores a uma pergunta geradora sobre a temática em questão: O que
é corpo para você? As análises feitas seguiram a Metodologia da Análise de
Conteúdos de BARDIN (1977) e suas adaptações. O universo foi composto por
seis professores, formados em três instituições diferentes e em épocas diferentes
(de 1970 a 2002). Os resultados mostraram que quatro professores revelaram
que corpo é a unidade, o todo, o rompimento da dualidade a não fragmentação
das coisas, enquanto que dois dos professores revelaram que corpo é um
negócio complicado, não é simples falar de corpo por ser sua dimensão muito
grande. Essa mesma porcentagem aparece no discurso de que corpo é a união
do sensível com o inteligível e o desenvolvimento de todos os seus aspectos.
Já outros dois sujeitos indicaram que corpo se divide na parte mental e na
parte física, dizendo também que estas têm que estar interligadas, pois a mente
pensa e o corpo faz. Ainda digno de nota, é a indicação de um sujeito que
pensa o corpo a partir de alguns autores remetendo esse corpo a um universo
teórico existencial, fundamentado e construído em função da visão de mundo.
Pode-se observar, com este resultado, que os sujeitos revelam a compreensão
de corpo que supera a tradição cartesiana, já havendo referências a um corpo
unitário, não fragmentado e integrado com o ambiente e com os outros corpos,
o que de certa forma perspectiva possibilidades de mudança do quadro atual
do trato com o corpo, principalmente no âmbito escolar.

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