Resumo

A experiência da intersexualidade tem muitas facetas. Ainda que grande parte das histórias que temos acesso evidencie a primazia do ambiente hospitalar como central para o debate contemporâneo sobre integridade corporal e autonomia em relação aos corpos e às vidas de pessoas intersexuais, outras dinâmicas sociais também promovem algum tipo de regulação dos sujeitos que destoam dos ideais sexuais e das normas generificadas. Neste registro, o esporte aparece como espaço privilegiado de classificação e de regulação das pessoas com características sexuais atípicas, ou mesmo de pessoas que não sustentam às expectativas sociais de como homens e mulheres devem existir. Essas regulações generificadas, marcadas por representações morais do que constitui o corpo sexuado e o corpo social, organizam a elegibilidade esportiva através da debilitação do corpo intersexual. No fim, conformam as corporalidades atípicas aos ideais de soberania do corpo político hegemônico: onde o excesso no corpo feminino é costumeiramente mutilado.
 

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