Resumo

Neste artigo será abordado a potência transatlântica que atravessa os corpos negros em diáspora como possibilidades ao corpo em performance. Debruçando sobre três dimensões que organizam e, de certa forma, desorganizam a noção dos corpos e presenças que compõe a cultura negra, proponho uma gira de pensamentos e reflexões acerca dos atravessamentos fundantes à uma cosmovisão espiralar. A primeira dimensão é a travessia enquanto lugar de processo contínuo, de redescobertas, busca de si, da coletividade e em diálogo com a ancestralidade, a travessia aqui é a dimensão que apresenta possibilidades de curas e transformação. A segunda dimensão é a encruzilhada, onde o cruzo se inicia no atlântico com um emaranhado de histórias de gentes, a cultura da diáspora negra resiste com os aprendizados das águas e o corpo inundado de memórias. A terceira dimensão é assentada na presença do orixá Exu como mobilizador de mundos, da comunicação e dono do corpo. É na relação cósmica de Exu que o corpo em diáspora se refaz, interligando os fragmentos lançados ao mar, rompendo as barreiras entre tempo e espaço, traçando rotas de fuga, frestas, sapiências e mandingas. Uma vez que lançadas as três dimensões, é possível traçar correspondências entre o visível e o invisível, conexões não lineares entre o passado, o presente e o futuro e a potência coletiva que transpassa o corpo e reverbera na performance ritual.

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