Resumo

A percepção sobre as cargas externas permite a criação de estratégias eficientes para o controle do estresse mecânico aplicado ao aparelho locomotor. As poucas referências disponíveis na literatura especializada estudaram a questão, a partir da associação das respostas dinâmicas (força de reação do solo e pressão plantar) e subjetivas na locomoção. Entretanto, não há trabalhos que associem o comportamento da percepção de carga ao das respostas eletromiográficas e não há na literatura o estudo das relações entre as respostas subjetivas, dinâmicas e eletromiográficas na locomoção (corrida e marcha) entre os grupos com e sem comprometimento das sensações somatosensoriais na região plantar. O presente estudo objetivou verificar as correlações entre os valores dinâmicos, eletromiográficos e subjetivos: a) Na corrida de atletas (corredores e jogadores de handebol) em função do uso da palmilha (calçado com palmilha x calçado sem palmilha) e b) Na marcha de diabéticos neuropatas, de idosos saudáveis e de adultos. Para tanto, os registros dinâmicos (FRS), eletromiográficos e subjetivos (escala Ratings of Perceived Exertion de Borg) foram mensurados. Os voluntários se locomoveram na esteira por um período de 50 minutos em velocidade constante e a cada 10 minutos as variáveis dinâmicas (sistema GAITWAY - duas plataformas de força piezoelétricas dispostas em série, montadas na superfície de uma esteira rolante), eletromiográficas (EMG 1000 com eletrodos de superfície ativos, préamplificados, conectados aos canais ativos do equipamento) dos músculos tibial anterior (TA), gastrocnêmio lateral (GL), reto femoral (RF), vasto lateral (VL) e bíceps femoral cabeça longa (BF) e subjetivas foram adquiridas. Os grupos de corredores (C) e atletas de handebol (AH) efetuaram a corrida e o uso da palmilha do calçado foi manipulado; enquanto, o grupo de diabéticos neuropatas (DN), idosos (I) e adultos (A) caminharam. Para todos os grupos estudados, não foram verificadas variações na intensidade das cargas aplicadas ao aparelho locomotor nos seis instantes de coleta e as respostas subjetivas apresentaram valores crescentes e significativos (p<0,05) entre a maioria dos instantes de coleta. Somente para I, os resultados de correlação obtidos entre as variáveis dinâmicas (GC: r=0,73; Imp50: r=0,64; Fy1: r=0,50) e a percepção de carga na marcha foram fortes e significativos (p<0,01). Sabendo que, os I eram sedentários, possivelmente as maiores correlações de respostas subjetivas com objetivas deste grupo podem estar pautadas na percepção de cargas mais intensas do que as experimentadas no cotidiano. Esta situação corrobora com os resultados de estudos relacionados ao tema, que sugerem que as respostas subjetivas são baseadas nas informações mecânicas de movimentos que geram cargas de intensidades distintas em relação a que o sujeito está mais exposto no cotidiano. As variáveis eletromiográficas sofreram variações discretas entre os períodos de coleta para todos os grupos analisados, decorrentes de artefatos no sistema de aquisição de dados; e os valores atribuídos por todos voluntários para as variáveis subjetivas indicaram comportamento crescente e significativo (p<0,05). Ainda assim, as correlações obtidas entre as variáveis eletromiográficas e subjetivas para todos os grupos foram fracas. Concluise que, valores eletromiográficos e dinâmicos não se relacionam de forma consistente com a percepção de cargas mecânicas, demonstrando que a resposta subjetiva não pode ser utilizada como parâmetro de controle de estresse mecânico em movimentos cuja intensidade de cargas não varia

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