Resumo

A atividade dos pilotos de caça acarreta exigências elevadas, com estresse físico, cognitivo e psíquico, que representam carga de trabalho importante. Por isso, é fundamental que tenham uma rotina planejada de recuperação, que permita boa  recuperação física e mental entre os voos. Nesse contexto, a quantidade e qualidade do sono são aspectos cruciais. A privação do sono afeta a atenção e tomada de decisões, diminuindo a capacidade de suportar a carga de trabalho, reduzindo o desempenho operacional e aumentando o risco de acidentes. OBJETIVO: Verificar a associação entre a quantidade e qualidade do sono e carga de trabalho durante voos de caça em pilotos da Força Aérea Brasileira. MÉTODOS: Participaram do estudo 22 pilotos do sexo masculino (27±4 anos; 25,9±1,9 kg/m2, 706±634 horas-voo de combate). Os pilotos responderam a um questionário sobre a qualidade (0 a 10) e duração do sono na noite anterior à coleta. Logo após, realizaram um voo de caça F5 por cerca de 60 min. Após o voo, responderam ao inventário NASA-TLX, utilizado largamente para a avaliação da carga de trabalho de pilotos nas seguintes dimensões (escores de 1 a 100): Exigência Mental (EM), Exigência Física (EF), Exigência Temporal (ET), Performance (PER), Nível de Esforço Total (NET) e Nível de Frustração (NF). As dimensões são comparadas em pares para a análise de sua contribuição relativa (peso). Após quantificação das taxas ajustadas (taxa x peso), calcula-se a Taxa Global Ponderada (TGP). Os dados são apresentados como mediana [amplitude interquartil]) e calcularam-se correlações de Spearman entre as variáveis investigadas (α = 0,05). RESULTADOS: Obteve-se um TGP de 58,8 [16,7], classificado como “carga elevada”. O escore mediando da qualidade de sono foi de 8 [1,8] para 7 [1] horas de sono. Os valores para as dimensões do NASA-TLX encontram-se na tabela. Foram encontradas correlações moderadas e negativas entre NF vs. horas de sono (rS = -0,505, p= 0,017) e ET vs. qualidade de sono (rs = -0,458, p= 0,032).