Resumo

A capacidade de realizar sprints repetidos separados por curtos períodos de recuperação (< 60 s) (Repeated-Sprint AbilityRSA) tem sido considerada um componente relevante na aptidão física de diversas modalidades esportivas intermitentes. Entretanto, em algumas modalidades esportivas como o polo aquático, os sprints repetidos não acontecem somente de forma isolada, tornando imprescindível o melhor entendimento sobre as variáveis metabólicas que exercem influência sobre o RSA após uma situação fatigante. Assim, o presente estudo teve como objetivo investigar as possíveis associações entre o RSA realizado pré e pós-esforços prévios e parâmetros aeróbios (consumo máximo de oxigênio-VO2MAX e distância percorrida no teste de nado de 30 min-T30) e anaeróbios (máximo déficit acumulado de oxigênio-MAOD). Participaram do estudo 27 atletas de polo aquático com idade de 19±5 anos, 83,2±17 kg de massa corporal e altura de 180,4±7,2 cm. Em meio líquido, os atletas foram submetidos a um teste de RSA específico para o polo aquático (6 x10 m com 17 s de intervalo) e, 3 minutos após o término do teste, os atletas realizaram o T30, para novamente realizarem o RSA. Ainda, foram realizados dois testes de nado atado: teste incremental para a mensuração do VO2MAX e o teste de esforço máximo de 3 minutos para a mensuração do MAOD. O MAOD foi determinado através da soma do componente lático (estimado através do delta da concentração de lactato, assumindo o equivalente energético de oxigênio de 3 mL.kg-1 a cada 1 mmol.L-1 de lactato) e alático (estimado através do componente rápido do excesso de consumo de oxigênio pósexercício, considerando o produto da constante de decaimento pela amplitude). Para verificar as diferenças entre o RSA realizado pré e pós T30 foi utilizado o Teste t pareado. Para análise das correlações entre RSA, T30, VO2MAX e MAOD foi utilizado o teste de correlação de Pearson. Em todos os casos foi adotado um nível de significância de 5%. Os resultados observados no RSA realizado pré T30 foram menores do que o pós T30 (p<0,01) para tempo total (TT) (40,17±2,56 s vs 42,87±3,26 s), melhor tempo (MT) (6,36±0,42 s vs 6,78±0,52 s) e pior tempo (PT) (7,02±0,50s vs 7,47±0,58s) dos sprints. Foram encontradas correlações entre o MAOD (56,1±10,8 mL.kg-1.min-1) com o TT (r=- 0,51; p=0,01), MT (r=-0,50; p= 0,01) e PT (r=-0,46; p=0,03) pós T30. Entretanto, na condição pré T30, o MAOD apresentou correlações significativas apenas com o TT (r=-0,43; p=0,04). Ainda, foram encontradas correlações significativas (p<0,01) entre o T30 (1893±173 m) e as variáveis do RSA pré e pós T30: TT (pré: r=-0,68/ pós: r=-0,73), MT (pré: r=-0,60/ pós: r=-0,69) e PT (pré e pós: r=-0,71). Nenhuma correlação foi encontrada entre os valores de VO2MAX e RSA. Dessa maneira, possuir bons níveis de aptidão aeróbia e capacidade anaeróbia parece ser premissa para sustentar as ações de alta intensidade de uma partida de polo aquático.