Resumo

Vivemos num momento de transformações culturais, pois surgem novos arranjos para as manifestações ocorridas na sociedade. Esse movimento denota que o ser humano está inquieto diante dos acontecimentos que vêm surgindo no decorrer da história. Nesse contexto, surgem indícios de novas formas de expressão humana, buscando um contato mais íntimo com a existência e com o cosmos. As corridas de aventura são uma nova forma de praticar atividades físicas na natureza. A Expedição Mata Atlântica (EMA) é uma corrida de aventura que é organizada anualmente no Brasil. Esta pesquisa possui uma abordagem qualitativa de cunho antropológico que privilegia uma visão multidisciplinar sobre as corridas de aventura. Foi realizada uma pesquisa participante junto aos atletas da Expedição Mata Atlântica. Utilizou-se uma entrevista semi-estruturada e a analise de conteúdo para construir um percurso no qual a pesquisa de campo se entrelaça com a pesquisa teórica. Dessa forma, foi possível delimitar um campo teórico em que as descrições dos sujeitos acerca dessas atividades estão imersas. Os atletas evidenciaram diversos significados atribuídos às corridas de aventura. Essas atividades representam uma nova forma de prática esportiva possuindo características diferenciadas dos esportes tradicionais modernos. A questão mitológica está presente, no imaginário dos atletas participantes da EMA, pois o contato do homem com a natureza privilegia este aspecto. Nesse contexto, surge com grande ênfase a questão do cooperativismo como necessidade para atingir o objetivo de finalizar a prova. Há nuances de uma nova forma de perceber o corpo e se relacionar com o outro. A questão da participação feminina nas corridas de aventura apresenta um caráter singular, pois, por definição dos organizadores da competição, as equipes devem ser mistas. A partir dessas práticas, delineia-se um novo estilo de vida relacionado ao símbolo de aventureiro. Por sua vez a mídia de massa incorpora e difunde um discurso sobre o ser aventureiro, porém este símbolo está condicionado às questões de consumo. Há também a espetacularização causada pela forma como a mídia aborda as corridas de aventura.

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