Resumo

Os Jogos Olímpicos Modernos são um espaço de poder simbólico, que divulga imagens de mulheres ativas, aptas e fortes, contribuindo para mudanças das representações sobre as atletas. Este ensaio tem como objetivo, apresentar as mudanças ocorridas na política do Comitê Olímpico Internacional, em relação à participação das mulheres no movimento olímpico, a partir das presidências de Pierre de Coubertin, no período da restauração dos Jogos; e de Juan Antonio Samaranch, nas décadas de 1980 e 1990. Como metodologia, procedemos à organização e interpretação de fontes históricas e da literatura, reunidas em visitas sistemáticas ao Centro de Documentação do Comitê Olímpico Brasileiro (CDOC/C.O.B.), no Rio de Janeiro. A trajetória histórica destes dois personagens do movimento olímpico sugere que com uma representação de seu tempo, em que o esporte feminino não tinha visibilidade e a moralidade vitoriana prevalecia, Coubertin ancorou a cultura circulante, que reservava às mulheres, o direito de se exercitarem entre si; mas longe dos olhares públicos e masculinos; enquanto Samaranch, inserido no contexto contemporâneo, em que as mulheres vêm transformando papéis de gênero na esfera pública e privada, trabalhou em prol da inserção das mulheres no movimento olímpico, em todas as funções, durante os anos em que esteve na presidência do C.O.I. Conclui-se que Coubertin e Samaranch são porta-vozes de um discurso histórico, que deve ser interpretado a em seu contexto de produção, evitando o maniqueísmo e incorporando a sincronia de uma história da evolução das representações sobre as mulheres no esporte.

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