Resumo
Diferenças dentro de uma mesma região geográfica são inevitáveis, tanto no aspecto socioeconômico, socioambiental e sociocultural. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi analisar variáveis do crescimento físico, composição corporal, níveis de atividade física e hábitos alimentares de escolares dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês, do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A amostra foi selecionada de forma intencional quanto às localidades e escolas que atendiam à caracterização étnica desejada e conglomerada por sala de aula. A amostra foi constituída de 1428 escolares (696 do sexo masculino e 732 do sexo feminino). A coleta de dados foi efetuada por meio de questionário envolvendo aspectos sociodemográficos, níveis de atividade física, hábitos alimentares, além de medidas antropométricas (massa, estatura corporal e dobras cutâneas tricipital e subescapular). Na análise de dados das variáveis do crescimento físico e composição corporal foi utilizada a estatística descritiva, análise de variância, teste Tukey, teste qui-quadrado. Na análise do nível de atividade física e hábitos alimentares foram utilizadas a estatística descritiva e regressão logística. O nível de significância adotado foi p=0,05. De modo geral, os resultados demonstraram que: na estatura encontrou-se diferenças (p= 0,05) entre as etnias, no sexo feminino aos 9 anos, com valores inferiores para o grupo polonês e, aos 15 anos, para os grupos polonês e alemão quando comparados ao grupo dos italianos. Na massa corporal ocorreram diferenças aos 14 anos (sexo masculino) e aos 9 anos (sexo feminino), com valores inferiores para o grupo dos poloneses. No percentual de gordura foram verificadas diferenças na idade de 12 anos (sexo masculino) e 15 anos (sexo feminino), com valores superiores para os alemães e poloneses, respectivamente (p= 0,05). Na massa corporal magra os poloneses apresentaram resultados inferiores aos 14 anos (sexo masculino) e aos 9 anos (sexo feminino). Em relação aos níveis de adiposidade verificou-se que 11,1% dos alemães, 6,6% dos italianos e 7,1% dos poloneses dos sexo masculino foram classificados nos níveis de obesidade. No sexo feminino foram classificadas 16,2% das alemãs, 19,4% das italianas e 21,2% das polonesas nos níveis de obesidade. De modo geral, foram constatadas poucas diferenças entre as etnias tanto nas variáveis do crescimento físico quanto da composição corporal. O grupo de poloneses tendeu a apresentar resultados inferiores aos grupos alemão e italiano. Em relação aos níveis de atividade física verificou-se que 75,5% dos escolares foram classificados como sedentários. O sedentarismo associou-se positivamente com o sexo, etnia, escolaridade dos pais, horas diárias de televisão. O grupo étnico alemão apresentou 43% mais chances de sedentarismo do que os poloneses; o nível socioeconomico foi associado ao sedentarismo somente para os poloneses, com maiores chances para os que pertenciam à classe econômica média e baixa. Com relação aos hábitos alimentares verificou-se que 51,2%, 60,2% e 67,8% dos escolares não atendiam às recomendações quanto à frequencia diária do consumo de frutas, vegetais e leite, respectivamente.