Crescimento Somático e Aptidão Física em Contextos Distintos dos Países Lusófonos: Ensaio Preliminar com Crianças Africanas e Brasileiras
Por Antonio M. Prista (Autor), Sílvio Saranga (Autor), Leonardo Lúcio Nhantumbo (Autor), José Maia (Autor), Wilian Peres Lemos (Autor), Ronaldo Rommel Antinori (Autor), Go Tani (Autor), Cássio de Miranda Meira Júnior (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Introdução e objetivos: Gradientes de natureza sócio-económica e geográfica condicionam o estado de crescimento e aptidão física (ApF) de crianças e jovens. Estas forças ambientais limitam a expressão multifacetada dos genótipos dos sujeitos condicionando aspectos da sua norma de reacção. Neste sentido, é propósito desta pesquisa averiguar os efeitos de contextos ambientais distintos no crescimento somático e valor da (ApF) de crianças (cçs) africanas e brasileiras, i.e., histórias de vida em condições sócio-demográficas e económicas muito diversas. Método: O estudo baseou-se em 3 bases de dados provenientes de informação transversal de cçs, de 6 a 10 anos, brasileiras (Muzambinho) de uma zona semi-rural (Br) (Meninos=239; Meninas=226), e duas regiões de Moçambique, uma urbana (MozUrb) (Meninos=273; Meninas=370) e outra Rural (MozRur) (Meninos=189; Meninas=161). As variáveis somáticas utilizadas foram a Altura, Peso, Indice de Massa Corporal (IMC) e soma de 3 pregas de adiposidade. Na ApF avaliou-se a flexibilidade do tronco, força de resistência abdominal e aptidão cardiorespiratória. A homogeneidade da avaliação foi garantida pela adopção de protocolos idênticos e treino uniforme das equipas. A análise dos resultados foi realizada separadamente por sexo com base na análise de covariância (ANCOVA), considerando a idade como covariável.Resultados: Em ambos os sexos observaram-se diferenças significativas em todas as variáveis somáticas. As cçs brasileiras são significativamente mais altas, pesadas e com maior adiposidade subcutânea que as cçs de MozUrb (p<0.001), que por sua vez apresentaram resultados superiores às de MozRur. O IMC foi igualmente superior no grupo Br, mas idêntico entre Moçambicanos. Na ApF, a performance foi significativamente inferior nos brasileiros no teste de aptidão cardiorespiratória e de flexibilidade (p<0.001), sendo idêntica entre as 2 amostras Moçambicanas. No teste de resistência abdominal, todos os grupos apresentaram resultados significativamente diferentes, tendo o grupo Br a melhor performance e o grupo Mozrural a pior. Este padrão de resultados é consistente nos 2 sexos. Conclusões: Ainda que de forma preliminar, estes resultados sugerem a presença de gradientes de natureza sócio-económica e geográfica no crescimento e desempenho motor de cçs e jovens. Tal circunstância obriga a uma análise mais detalhada acerca dos seus níveis de actividade física, hábitos nutricionais, bem como efeitos de agregação familiar.