Resumo
As cartas de referência percentílicas são amplamente utilizadas para avaliar e monitorar o crescimento individual e coletivo de crianças e jovens pertencentes a uma determinada população. Devido ao aumento exponencial do sobrepeso e obesidade infantil em nível global, existe a preocupação de retratar de modo mais preciso a realidade sociogeográfica das populações, por meio da informação detalhada proveniente de estudos de crescimento físico e indicadores da composição corporal. Portanto, o objetivo deste estudo foi construir cartas percentílicas para massa corporal, estatura, índice de massa corporal (IMC), perímetro da cintura (PC) e percentagem de massa gorda (%MG) e contrastar com amostras do contexto nacional e internacional. Estudo descritivo, quantitativo, transversal realizado em 2019. Foram avaliadas, 2.294 crianças (1.173 meninas) com idades entre cinco e 11 anos, estudantes da rede pública municipal de ensino, sendo 20 escolas da área urbana e cinco escolas da área rural. Foram medidas a estatura, massa corporal, PC, dobras de adiposidade tricipital e da panturrilha. Também foram realizados os cálculos para o IMC e %MG. Para identificar possíveis diferenças entre meninos e meninas, foi aplicado teste t para amostras independentes. Para verificar as diferenças médias entre as idades foi utilizada a análise de variância, seguida do teste de post hoc de Bonferroni. O nível de significância estabelecido foi de 5%. Para a construção das cartas percentílicas foi utilizado o método LMS, implementado no software LMSchartmaker. Comparações dos valores percentílicos referentes as variáveis do crescimento somático e composição corporal com amostras nacionais e internacionais foram efetuadas. Em geral, meninos e meninas aumentam os valores médios das medidas de estatura, massa corporal, IMC, PC e % MG com o avançar da idade. Os meninos apresentaram valores médios mais elevados de PC (t = - 5,383; p < 0,001), enquanto meninas apresentaram valores mais elevados da dobra tricipital (t = 5,387; p < 0,001), dobra da panturrilha (t = 4,744; p < 0,001) e de %MG (t = 9,110; p < 0,001). Em relação às dobras cutâneas, as meninas apresentam um aumento ao longo das idades (f =20,364; p< 0,001), superior aos meninos. Em relação às amostras do CDC e da OMS, as crianças sãojoseenses demonstram valores similares de estatura; quanto ao peso e ao IMC, os valores são superiores sobretudo a partir dos 8 anos para as meninas e dos 6 anos para os meninos. As comparações internacionais e nacionais demonstraram a forte variabilidade nos percentis em cada valor discreto de idade, tanto em meninas quanto em meninos, fato que destaca a importância do estudo a nível local e a criação de referências mais próximas ao contexto de cada grupo de crianças e jovens. Desse modo, a utilização dos valores normativos apresentados neste estudo, de modo associado ao sugerido internacionalmente para o contexto clínico, poderá auxiliar a ação pedagógica escolar e esportiva do professor de Educação Física, no monitoramento dos indicadores do crescimento e composição corporal dos estudantes, de maneira individual e coletiva.