Resumo

O objetivo deste estudo foi criar uma escala e avaliar o estilo de vida dos adultos com deficiência visual, por meio da Teoria da Resposta ao Item (TRI). A amostra deste estudo descritivo e transversal foi de 859 indivíduos (68,3% homens; µ idade: 34,0 ± 11,20 anos de idade), que responderam, entre fevereiro e outubro de 2018, um questionário. Para a criação da escala, foi utilizado o modelo de resposta gradual proposto por Samejima em 1969. Na estatística descritiva, empregaram-se frequências absoluta e relativa, além das análises de média e desvio padrão. Na estatística analítica, empregou-se a regressão logística multinomial, com análises brutas e ajustadas para verificar a associação do estilo de vida com algumas variáveis pessoais e sociodemográficas, adotando nível de significância de 5% e intervalo de confiança de 95%. O tratamento estatístico foi realizado através do software SPSS, versão 22.0 for Windows. O instrumento para avaliar o estilo de vida foi criado e passou pelo processo de validação de conteúdo, operatividade e reprodutibilidade. Foram realizados os testes: kappa, coeficiente de correlação intraclasse, alpha de Cronbach, correlação policórica e análise fatorial para avaliar as qualidades psicométricas do instrumento, antes de utilizar a TRI para a criação da escala. Observou-se, que alguns itens não apresentavam consistência interna ou correlação com os demais daquele componente, assim como o instrumento com uma dimensão, conforme pensou-se inicialmente, perderia muitas informações, pois alguns itens não calibraram por meio da TRI. O instrumento inicial possuía 43 itens, mas após a calibração e organização da escala, sete itens apresentaram problemas e foram retirados, finalizando com 36 itens, divididos nas dimensões psicossocial e comportamental, para compor o estilo de vida dos adultos com deficiência visual. Com relação ao perfil do estilo de vida, os indivíduos apresentaram melhores resultados na dimensão psicossocial. Os níveis do estilo de vida foram significativos entre os fisicamente ativos (RC: 1,98; IC: 0,01 ; 0,07), nas mulheres (RC: 1,54; IC: 0,24 ; 0,89), nos indivíduos na meia idade (40 a 59 anos) (RC: 1,59; IC: 0,20 ; 0,81), nos indivíduos que vivem na região Centro Oeste (RC: 2,52; IC: 1,03 ; 6,13) e nos indivíduos que não possuem um companheiro(a) (RC: 2,14; IC: 1,18 ; 3,87) apresentando mais chances de terem um estilo de vida positivo. Diante dos resultados encontrados nos diferentes testes psicométricos e na utilização da TRI para a criação da escala, conclui-se que o instrumento é válido e pode ser utilizado como mais uma ferramenta no diagnóstico desta população no que concerne o estilo de vida. Com base na amostra investigada é importante e necessário implementar ações e políticas públicas voltadas para a promoção de um estilo de vida positivo entre as pessoas com deficiência visual, buscando, principalmente, nos aspectos comportamentais, estimular a prática regular de atividade física e a adoção de bons hábitos alimentares, assim como concentrar ações para essa população nas regiões Norte e Nordeste por apresentarem maiores percentuais no nível negativo e menores percentuais no nível positivo.

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